Bolsonaro para Biden: "Quando acaba a saliva, tem pólvora"

Presidente disse que somente a diplomacia pode ser insuficiente para contornar o embate em relação à proteção da Amazônia

10 nov 2020 - 19h09
(atualizado às 20h16)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que somente a diplomacia pode ser insuficiente para contornar o embate em relação à proteção da Amazônia, após se referir indiretamente a declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre levantar barreiras comerciais contra o Brasil para interromper o que o norte-americano chamou de destruição da floresta.

Foto: Isac Nóbrega/PR

"Assistimos há pouco aí um grande candidato à chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil", disse.

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"E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto? (citando o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo). Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão, não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos", emendou ele, em evento no Palácio do Planalto sobre a retomada do turismo.

Durante debate na campanha presidencial norte-americana, Biden disse que a floresta tropical do Brasil "está sendo destruída" e propôs reunir outros países para garantir 20 bilhões de dólares para a preservação da Amazônia.

"Aqui estão 20 bilhões de dólares. Parem de destruir a floresta e se não pararem, então enfrentarão consequências econômicas significativas", disse o democrata.

Apesar de Biden ter sido declarado vitorioso nas eleições dos EUA, Bolsonaro ainda não reconheceu a vitória do democrata. Ele é um forte aliado do presidente dos EUA, o republicano Donald Trump, que contesta o resultado sob a alegação --sem apresentar evidências-- de que teria havido fraude no processo eleitoral.

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No discurso desta terça-feira, Bolsonaro destacou que Brasil tem que se fortalecer. "E como nos fortalecer? Liberando a economia, livre mercado. Dando liberdade para quem quer trabalhar, não enchendo o saco de quem quer produzir", afirmou.

Bolsonaro criticou novamente o que chamou de "turma xiita ambiental", que seriam os "baluartes do atraso do Brasil" e que a imprensa adora ao comentar sobre a possibilidade de enviar um projeto ao Congresso Nacional autorizando a exploração comercial da Baía de Angra dos Reis.

O presidente disse que a chance de mudar o país é agora e sugeriu não ser possível aparecer um líder até as eleições de 2022, a não ser que seja na base de muito dinheiro e "comprando um montão de coisa por aí".

Nomes apontados como presidenciáveis, como o apresentador Luciano Huck e o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro, têm tido conversas nos últimos dias sobre o futuro quadro eleitoral.

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"Não teremos outra oportunidade. Não teremos um líder feito no prazo de dois anos, não vai aparecer, a não ser em cima de grana, aí aparece, comprando um montão de coisa por aí, em especial os marqueteiros. Fora isso, não terão outro líder em tão curto espaço de tempo e a chance de mudar é essa", afirmou.

Bolsonaro disse que fazia um desabafo. "Não estou preocupado com minha biografia, se é que tenho biografia."

"País de maricas"

No discurso, o presidente afirmou também que é preciso enfrentar a pandemia do novo coronavírus de "peito aberto" e que o Brasil tem de deixar de ser "um país de maricas", numa referência pejorativa ao receio com o Covid-19, que já matou mais de 162 mil e infectou 5,67 milhões de pessoas.

"Tudo agora é pandemia. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer um dia... Não adianta fugir disso, da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas, pô", disse o presidente, para acrescentar em seguida: "Olha que prato cheio para a imprensa, prato cheio para a urubuzada que está ali atrás."

No evento, Bolsonaro pediu ajuda para arrumar o Brasil e destacou que o auxílio emergencial --ajuda paga durante a pandemia-- acaba em dezembro. "Como ficam os 40 milhões que perderam tudo?", questionou.

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