Ela é uma garotinha andando no seu pônei, Macaroni, no gramado da Casa Branca, a irmã maior se escondendo embaixo da mesa do presidente com seu irmãozinho John. E em uma fotografia marcante da sua infância, ela é a filha usando luvas brancas ajoelhada, acompanhada de sua mãe, junto ao caixão do seu pai assassinado, John F. Kennedy.
Avance 50 anos e aqui está Caroline Kennedy novamente: autora, advogada e mãe de três filhos, mantendo a chama dos Kennedy acesa como a única sobrevivente da família. E, finalmente, depois de décadas protegendo sua privacidade, ela assume um papel público como embaixadora americana no Japão, cargo recebido na semana passada.
Caroline, 55 anos, estava a cinco dias do seu sexto aniversário quando John F. Kennedy foi assassinado, em 22 de novembro de 1963. A babá da família deu a notícia de forma suave, dizendo que seu pai havia levado um tiro e que “eles não conseguiram deixa-lo melhor”.
Com a notícia, o mundo de Caroline foi abalado. Não pela primeira vez, e também não pela última.
Três meses antes, seu irmão menor, Patrick, havia morrido logo após nascer. Então, Robert F. Kennedy, o tio que entrou em cena para servir como uma espécie de pai substituto após o assassinado de JKF, também foi baleado e morto cinco anos depois. Depois de perder sua mãe para o câncer em 1994, Caroline perdeu seu irmão John em acidente aéreo em 1999. Ele tinha 38 anos.
Com a cabeça erguida, Caroline seguiu em frente, defendendo as causas e os ideais dos seus pais e do seu irmão. Ela foi presidente da Fundação Biblioteca John F. Kennedy e presidiu um comitê do Instituto de Política da Universidade de Harvard, criado como um memorial para Kennedy.
Trey Grayson, diretor do instituto, descreve Caroline como uma mulher quieta e de pés no chão. Sincera quando era preciso e graciosa ao gerir os desafios diários herdados do legado do seu pai. “Todos os dias as pessoas chegavam até ela e diziam: ‘Eu sou um grande fã do seu pai, ele me inspirou a fazer isso’. Ela administrava isso muito bem”, disse Grayson.
Em 2002, ela foi questionada se sentia o peso do legado da era Kennedy, Caroline apenas disse: “Eu não consigo imaginar melhores pais e um irmão mais maravilhoso. Eu me sinto afortunada por tê-los tido como minha família, e gostaria que eles estivessem aqui. Mas minha própria família, meus filhos, meu marido, eles são minha família agora... somos apenas nós”.
Criada com conforto no Upper East Side, em Nova York, Caroline se formou em Direito na Universidade de Columbia, mas antes de praticar a advocacia, ela escolheu escrever e editar livros sobre privacidade, poesia e outros assuntos. Enquanto seu irmão teve uma intensa vida pública, ganhando o rótulo de “o homem mais sexy vivo” da revista People, Caroline limitou suas aparições e tentou apenas ser mais uma mãe tentando conduzir seus filhos à idade adulta, trabalhando como voluntária para a rede de escolas da cidade enquanto eles cresciam. Ela casou com o designer Edwin Schlossberg.
No entanto, durante os dias vividos de forma ordinária houve momentos em que reflexões sobre o rumo de sua vida vieram à tona. “Você não pensa sobre isso o tempo todo”, disse Caroline uma vez, em um comentário citado por Christopher Andersen no livro Sweet Caroline, mas “às vezes você está caminhando pela rua e isso tudo volta...”.
Com o passar dos anos, ela foi voltando aos holofotes, adentrando na política.
Em 2008, ela apoiou Barack Obama nas primárias da campanha presidencial, um momento-chave na disputa do atual presidente com a Hillary Clinton. Depois, Caroline trabalhou na equipe que ajudou Obama a escolher seu candidato a vice.
Mas ela abruptamente saiu de cena, citando razões pessoais, depois de flertar com a ideia de buscar uma vaga no Senado quando Hillary se tornou secretária de Estado. Caroline havia sido criticada por não se mostrar segura em entrevistas e limitar suas aparições públicas, levando alguns críticos a questionar se ela estava preparada para ser senadora.
Caroline parece muito mais confortável com seu novo emprego quando Obama a indicou como a nova embaixadora americana no Japão. Em outubro, ela teve o nome aprovado de forma unânime pelo Senado.