O presidente norte-americano Barack Obama e seu colega cubano Raúl Castro conversaram por telefone antes da Cúpula das Américas que começa nesta sexta-feira, no Panamá, informou uma fonte da Casa Branca. "Posso confirmar que o presidente Obama falou com o presidente Castro na quarta-feira, antes de o presidente partir de Washington", afirmou a fonte.
A última vez que os dois presidentes falaram por telefone foi em 17 de dezembro, quando anunciaram ao mundo um acordo para restabelecer suas relações, depois de cinco décadas de tensões.
Nesta sexta-feira e no sábado será realizada a VII Cúpula das Américas, no Panamá, onde Obama e Castro se verão cara a cara. Na véspera, o secretário americano de Estado, John Kerry, se reuniu com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez.
O Departamento de Estado publicou em sua conta no Twitter uma foto de Kerry e Rodríguez apertando as mãos. Este foi o encontro de mais alto nível diplomático entre Estados Unidos e Cuba em meio século.
Um funcionário da diplomacia americana destacou avanços no encontro histórico. "O secretário Kerry e o ministro cubano das Relações Exteriores Rodriguez tiveram uma prolongada e construtiva conversa esta noite. Ambos concordaram que foram feitos progressos e que continuaremos trabalhando para resolver os temas pendentes", disse a fonte do Departamento de Estado.
O encontro anterior entre os chefes da diplomacia de Washington e Havana remontava a setembro de 1958, lembraram funcionários americanos.
A reunião precede o encontro que os presidentes Obama e Castro terão nesta sexta-feira, durante a Cúpula das Américas. O encontro histórico ocorre cerca de quatro meses após Washington e Havana anunciarem os primeiros passos para restabelecer as relações diplomáticas bilaterais, rompidas há meio século.
Mais cedo, na quinta, o Departamento de Estado recomendou a retirada de Cuba da lista de países que supostamente financiam o terrorismo, um dos passos necessários para a normalização diplomática bilateral.
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"A recomendação do Departamento de Estado de remover Cuba da lista de Estados que patrocinam o terrorismo, resultado de meses de uma revisão técnica, é um importante avanço em nossos esforços para construir uma relação mais frutífera", afirmou o senador Ben Cardin, membro do comitê de Relações Exteriores da Câmara.
Ao anunciar, em 17 de dezembro passado, o início da aproximação com Havana, Obama tinha pedido ao departamento de Estado que revisasse a presença de Cuba na lista, segundo a legislação vigente. Cuba integra a lista, que inclui ainda Irã, Síria e Sudão, desde 1982.
Estados Unidos e Cuba iniciaram uma agenda de aproximação, mas Havana deixou claro que considera prioritário que o país seja retirado da lista para que avancem as negociações sobre o restabelecimento das relações diplomáticas e a reabertura de embaixadas.
Em visita à Jamaica, Obama destacou que o processo de negociações "levará tempo". "Nunca previ que tudo pudesse mudar do dia para a noite". Mas o presidente também avisou que irá para a cúpula com "uma mensagem de diálogo".
Um dos objetivos imediatos da agenda de aproximação é o restabelecimento dos laços diplomáticos e a abertura das embaixadas. No momento, Havana e Washington têm Seções de Interesses, um status diplomático excepcional que os dois países mantêm nas duas capitais desde 1977, sob os auspícios da Suíça.
Entre os pontos de maior polêmica estão as indenizações para as empresas americanas nacionalizadas após a Revolução Cubana nos anos 60; e a exigência de Havana de uma compensação pelas perdas provocadas pelo embargo comercial imposto por Washington à Ilha a partir de 1962, que segundo o governo teria provocado um prejuízo de 116 bilhões de dólares.
Havana também quer a devolução da base naval de Guantánamo, no extremo leste da Ilha, que os Estados Unidos ocupam desde 1903, mas este é um tema tabu para Washington, especialmente porque Obama ainda precisa fechar o centro de detenção que funciona na base, onde permanecem mais de 100 prisioneiros da "guerra contra o terror".