O governo chinês afirmou nesta terça-feira que "responderá com firmeza" a futuras "provocações" dos EUA nas águas disputadas do Mar da China Meridional que considera sob sua soberania, um dia depois que o Departamento de Defesa americano anunciou que navios militares passarão por elas regularmente.
"Nos manteremos firmes na hora de defender nossos direitos de navegação e segurança marítima e responderemos firmemente a qualquer provocação deliberada", disse em entrevista coletiva a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Hua Chunying.
O assessor de Segurança Nacional dos EUA, Ben Rhodes, declarou na segunda-feira que haverá novas demonstrações de força como a da semana passada, quando o destroyer americano "USS Lassen" passou por águas próximas ao recife Subi, cuja soberania é reivindicada e exercida pela China.
Também na segunda-feira, um representante do Departamento de Defesa americano não identificado adiantou que essas "patrulhas" podem ocorrer duas vezes por trimestre.
"A China se opõe a qualquer tentativa de outros países de danificar nossos direitos e ameaçar a segurança marítima sob o pretexto da liberdade de navegação", respondeu a porta-voz chinesa.
Hua acrescentou que no Mar da China Meridional os EUA "realizam um drama no qual o roteiro, a direção e os atores são uma mesma pessoa", ao exagerar sobre o suposto perigo das atividades da China na região (construção de ilhas artificiais, aeródromos e luzes) para a navegação que nessas águas disputadas.
"A cada ano, 100 mil embarcações de todo o mundo passam livremente pelo Mar da China Meridional e não há nenhum problema, e também são transportados 15 milhões de barris de petróleo", lembrou a porta-voz chinesa.
Hua acrescentou que "alguns navios de transporte suspeitos insistem em desviar dessas rotas" para dar a impressão que elas apresentam problemas de liberdade de navegação, o que segundo ela constitui uma "provocação descarada".
"É uma manifestação típica de hipocrisia e hegemonia", ressaltou a fonte oficial, que também criticou outros países da região - em alusão às Filipinas e ao Vietnã - por pedirem aos EUA um aumento de sua presença militar nas águas em disputa.
A troca de declarações ocorre enquanto o comandante das forças americanas no Oceano Pacífico, Harry Harris, visita Pequim para se reunir com oficiais do exército chinês e impulsionar a cooperação para evitar que as tensões provoquem um "confronto" entre as duas superpotências.
Apesar de Harris ter mencionado hoje em Pequim o "direito" e "dever" de seu país a navegar ou sobrevoar águas e espaços internacionais e ter garantido que os EUA continuarão a realizar operações nas águas disputadas apesar da oposição da China, descartou que as diferenças entre Washington e Pequim possam acabar em um confronto maior.