Covid: hospital dos EUA nega transplante de coração a paciente não vacinado

Homem de 31 anos está se recusando a tomar a vacina; hospital diz que segue sua política sobre transplantes

26 jan 2022 - 06h54
(atualizado às 07h18)
Foto do paciente em uma cama de hospital
Foto do paciente em uma cama de hospital
Foto: CBS / BBC News Brasil

Um hospital dos EUA negou um transplante de coração a um paciente, alegando, entre outros motivos, que ele não foi vacinado contra a covid-19.

DJ Ferguson, de 31 anos, precisa urgentemente de um novo coração, mas o Brigham and Women's Hospital, em Boston, o tirou da lista de transplantes, disse seu pai, David.

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David disse que a vacina contra a covid vai contra os "princípios básicos de seu filho, ele não acredita nela".

O hospital disse que estava seguindo sua política para transplantes.

"Dada a escassez de órgãos disponíveis, fazemos tudo o que podemos para garantir que um paciente que recebe um órgão transplantado tenha a maior chance de sobrevivência", disse o Brigham and Women's Hospital disse à BBC em um comunicado.

Um porta-voz disse que o hospital exige "a vacina contra covid-19 e determinados comportamentos e estilo de vida para os candidatos a transplante para criar a melhor chance de uma operação ser bem-sucedida e otimizar a sobrevivência do paciente após o transplante, já que seu sistema imunológico é drasticamente suprimido".

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A declaração do hospital indica que outros motivos, além do status não vacinado do paciente, podem ter pesado na sua inelegibilidade para o transplante. Mas o hospital se recusou a discutir detalhes, citando a privacidade do paciente.

O hospital acrescentou que a maioria das 100 mil pessoas em lista de espera para transplantes de órgãos não receberá um órgão dentro de cinco anos devido à escassez de órgãos disponíveis.

Ferguson está no hospital desde 26 de novembro. Ele sofre de um problema cardíaco hereditário que faz com que seus pulmões se encham de sangue e fluido, de acordo com uma página no site de arrecadação de dinheiro GoFundMe.

O organizador da vaquinha para Ferguson disse que o paciente está preocupado com a possibilidade de sofrer inflamação cardíaca — um efeito colateral potencial da vacinação contra o coronavírus que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA enfatizam ser raro e temporário — e que isso poderia ser perigoso devido à fraqueza de seu coração.

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O CDC incentiva os receptores de transplantes e aqueles em seus círculos imediatos a serem totalmente vacinados, inclusive com dose de reforço.

Arthur Caplan, diretor de Ética Médica da NYU Grossman School of Medicine, disse à CBS News que, após qualquer transplante de órgão, o sistema imunológico de um paciente é praticamente "desligado" e que até mesmo um resfriado comum pode ser fatal.

"Os órgãos são escassos, não vamos distribuí-los para alguém que tenha poucas chances de viver quando outros vacinados têm mais chances de sobreviver após a cirurgia", disse Caplan.

Pai de dois filhos e com um terceiro a caminho, Ferguson permanece no hospital, dizem seus familiares.

Sua família acredita que ele está fraco demais para ser transferido para outro hospital e que ele está "esgotando seu tempo".

"Meu menino está lutando com muita coragem e tem integridade e princípios nos quais realmente acredita, e isso me faz respeitá-lo ainda mais", disse David Ferguson. "É o corpo dele. É a escolha dele."

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Pouco mais de 63% da população dos EUA recebeu duas doses da vacina e cerca de 40% dos americanos tiveram a terceira dose de reforço.

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