O discurso "I Have a Dream" ("Eu tenho um sonho") do reverendo Martin Luther King é um dos mais famosos da era moderna, mas a divulgação completa de seu texto ou de vídeos da época está restrita pelos direitos de propriedade intelectual.
Na comemoração do 50º aniversário da Marcha sobre Washington, que foi lembrada neste sábado nos Estados Unidos e que terminou com o discurso de King na escadaria do Monumento a Lincoln na capital americana, a revista The National Journal explicou a longa e tortuosa história desses direitos.
"Meses depois da marcha em agosto de 1963 o próprio King pediu para impedir a venda não autorizada de cópias de seu discurso, com a intenção de controlar as receitas e usá-las em apoio do movimento pelos direitos civis", escreveu Dustin Volz na revista.
Após o assassinato do reverendo em 1968, os direitos autorais passaram a seus herdeiros e em 1999 a família King processou o canal de televisão CBS por ter produzido um documentário usando trechos do discurso sem autorização.
O caso foi resolvido por um acordo entre a CBS e os herdeiros de King que deixou em situação legal um tanto confusa os direitos de propriedade intelectual sobre o discurso.
Em 2009 a família King assinou um trato com a gravadora EMI Publishing que garantiu ao discurso "a mesma proteção e os mesmos direitos de compensação que têm outros objetos sob direito de autor".
Em 2011 um consórcio liderado pela Sony comprou a EMI, motivo pelo qual a disponibilidade de divulgação de todo o texto ou todo o documentário seguirá sendo problemática até 2038, quando expiram os direitos autorais de King.
Meio século depois do discurso que comoveu toda uma geração e inspirou as seguintes, uma organização militante chamada Fight for the Future postou o vídeo de 17 minutos com o discurso inteiro no YouTube. Até a manhã deste sábado, o vídeo seguia disponível.