O diretor da Agência de Segurança Nacional dos EUA e seu adjunto devem deixar seus cargos nos próximos meses, disseram autoridades norte-americanas na quarta-feira, o que pode representar para o presidente Barack Obama uma chance de reformular a agência de espionagem. O general Keith Alexander, no cargo há oito anos, formalizou seus planos de sair até março ou abril, e seu adjunto civil, John Chris Inglis, deve se aposentar até o final do ano, segundo fontes oficiais que solicitaram anonimato.
A NSA, sigla pela qual a agência é conhecida, esteve no centro das explosivas revelações sobre a vasta atividade de espionagem da comunicação privada de cidadãos nos EUA e no mundo, contidas em documentos vazados à imprensa pelo ex-técnico de inteligência Edward Snowden. A agência teria monitorado a comunicação da presidente Dilma Rousseff, de cidadãos e empresas brasileiras, como a Petrobras, segundo denúncias feitas pelo programa Fantástico, da TV Globo.
Um forte candidato a substituir Alexander é o vice-almirante Michael Rogers, atual comandante da 10ª Frota da Marinha e da Frota do Comando Cibernético, disseram as fontes à Reuters. Por coincidência, a sede desses dois Comandos fica em Fort Meade, Maryland, onde também funciona a sede da NSA. As fontes ressalvaram que o nome de Rogers ainda não está decidido, e que outros candidatos podem ser considerados. Uma porta-voz da NSA disse que não comentaria o assunto.
Alexander dirige a NSA desde 2005, sendo o mais longevo chefe da agência desde sua criação. Ele também atua como comandante de uma unidade militar correlata, o Comando Cibernético dos EUA. Desde as revelações feitas por Snowden, em junho, Alexander tem defendido as atividades da NSA, descrevendo-as como legais e necessárias para impedir ataques terroristas. Ele havia dito anteriormente que pretendia deixar o cargo na próxima primavera boreal. Inglis, que começou sua carreira na NSA como cientista de segurança da informática, é o diretor-adjunto desde 2006.
Embora os dois estejam saindo voluntariamente, a dupla vacância permitirá a Obama instalar uma nova cúpula para fazer frente às revelações de Snowden, e decidir se a NSA e o Comando Cibernético devem ter chefes distintos.
O Comando Cibernético, que cresceu significativamente nos últimos anos, tem a autoridade para realizar operações defensivas e ofensivas no ciberespaço. Muitos veteranos da NSA argumentam que ter a mesma pessoa à frente da agência de espionagem e do Comando Cibernético reduz a ênfase no trabalho da NSA e nas suas capacidades únicas.