O diretor da Inteligência Nacional dos Estados Unidos, James Clapper, disse nesta terça-feira que aliados estrangeiros conduzem regularmente atividades de espionagem contra líderes norte-americanos e serviços de inteligência do país.
Em resposta a uma série de questionamentos durante uma audiência no Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, Clapper disse que espionar líderes estrangeiros era um princípio básico das operações de inteligência.
Por sua vez, o chefe da Agência Nacional de Segurança americana (NSA), general Keith Alexander, afirmou que as revelações do jornal francês Le Monde, do espanhol El Mundo e do italiano L'Espresso sobre a interceptação das comunicações dos cidadãos europeus pela NSA são "completamente falsas".
"Para ser totalmente claro, não coletamos essas informações sobre os cidadãos europeus", afirmou durante uma audiência na comissão de Inteligência da Câmara de Representantes, na qual indicou que se tratava de "dados fornecidos à NSA" por sócios europeus, corroborando o que Clapper havia dito anteriormente .
"As afirmações dos jornalistas em França, Espanha e Itália de que a NSA interceptou dezenas de milhões de ligações telefônicas são completamente falsas", afirmou o general Alexander. "Da mesma forma que a pessoa que roubou os dados confidenciais, não compreenderam o que tinham diante de seus olhos", ressaltou.
Europeus ajudaram NSA
Nesta terça, o jornal americano The Wall Street Journal afirmou que a espionagem a milhões de cidadãos na França e na Espanha foi realizada pelos serviços de inteligência desses países, que compartilharam depois a informação adquirida com a Agência de Segurança Nacional (NSA) americana.
O jornal, que cita funcionários americanos, afirma que os registros telefônicos colhidos na Europa foram depois compartilhados com a NSA como parte dos esforços para proteger os Estados Unidos e seus aliados.
Le Monde e El Mundo informaram nos últimos dias, com base em documentos fornecidos pelo ex-consultor da NSA Edward Snowden, que a agência americana encarregada das interceptações das comunicações havia espionado mais de 70 milhões de chamadas telefônicas na França e 60 milhões na Espanha em um mês.
Já o diário italiano L'Espresso, que cita o jornalista Glenn Greenwald, que fez várias dessas revelações em contato com Snowden, assegura que os italianos foram espionados pelos serviços de inteligência americanos e britânicos.
O diretor da NSA confirmou também as revelações do The Wall Street Journal segundo as quais os grampos telefônicos feitos nesses países foram realizados pelos serviços secretos europeus e depois repassados à agência americana. Essas interceptações, acrescentou, não estão relacionadas a cidadãos franceses ou espanhóis, e sim a operações em países da Otan ou onde estão envolvidos países da Otan.
Consultado sobre se a NSA compartilha suas informações com os "aliados europeus" e se estes compartilham as suas com a agência americana, o general Alexander respondeu afirmativamente.
Com informações das agências EFE, AFP e Reuters