O mundo acompanhou com tristeza e revolta as circunstâncias do ataque cometido pelo jovem Nikolas Jacob Cruz, um ex-aluno que invadiu sua antiga escola com um rifle AR-15 e matou 17 pessoas em Parkland, na Flórida. O crime, ocorrido no último dia 14 de fevereiro, trouxe de volta à pauta a questão do controle da venda de armas nos Estados Unidos.
Enquanto os alunos que sobreviveram ao massacre na Flórida se mobilizam para pedir restrições ao acesso a rifles de assalto como os utilizados por Cruz, que foi descrito como "doentio" e com problemas de disciplina, o presidente Donald Trump recorreu a um velho clichê na tentativa de explicar casos de violência cometidos por jovens.
"Eu tenho escutado cada vez mais que o nível de violência nos videogames está moldando as mentes dos jovens. E indo um passo além, os filmes", comentou o presidente dos Estados Unidos em um eventos sobre segurança nas escolas com o procurador-geral da Flórida. "Esses filmes são muito violentos, uma criança não pode ver um filme com sexo, mas pode ver um com assassinatos, talvez vamos precisar de um sistema de classificação indicativa para isso. Esses filmes estão sendo lançados e são muito violentos, com mortes e tudo o mais, precisamos pensar sobre isso."
A fala de Trump impressiona pela aparente ignorância sobre o trabalho da Motion Picture Association of America (MPAA), que regula a censura indicativa de filmes, jogos e programas de televisão nos Estados Unidos desde 1968.
At meeting on school safety, President Trump says violence in video games and movies is responsible for shaping young people's thoughts: "We have to do something about maybe what they're seeing" https://t.co/VfXvVkwQmq pic.twitter.com/vbt2t0dhtm
— CNN (@CNN) 22 de fevereiro de 2018
Após a repercussão do ataque a tiros na Flórida, Trump foi criticado por sugerir que a solução para esse tipo de carnificina em escolas, frequente na história recente dos Estados Unidos, é armar professores e funcionários. Trump, que defende a Segunda Emenda à Constituição dos Estados Unidos, é contrário a grandes mudanças no direito ao porte de armas no país. O tema costuma opor políticos e ativistas dos campos conservadores e progressistas.
Em 1999, o ataque cometido por dois alunos que ficou conhecido como o Massacre de Columbine gerou amplas discussões sobre os motivos do crime. A cason reacendeu uma antiga polêmica sobre violência na cultura pop e gerou pânico moral sobre jogos de videogame (como Doom e Duke Nukem), músicas (Marilyn Manson) e filmes (como Assassinos Por Natureza) que eram admirados pelos atiradores Eric Harris e Dylan Klebold.