Edward Snowden pede asilo temporário na Rússia

Ex-funcionário da CIA está no aeroporto de Moscou desde 23 de junho

16 jul 2013 - 08h49
(atualizado às 10h46)
Snowden durante a reunião no aeroporto Sheremetievo, em Moscou
Snowden durante a reunião no aeroporto Sheremetievo, em Moscou
Foto: Human Rights Watch / Divulgação

O ex-consultor de inteligência americano Edward Snowden, bloqueado há mais de três semanas em um aeroporto de Moscou, solicitou nesta terça-feira asilo político provisório à Rússia, afirmou à AFP o advogado russo Anatoli Kutcherena, que está em contato com ele.

"O pedido foi enviado às autoridades russas", declarou este advogado, membro da câmara civil, um órgão consultivo próximo ao Kremlin, informando que foi entregue a um representante do serviço de migrações. O advogado acrescentou que havia acabado de se reunir no aeroporto com Snowden, com quem já havia se encontrado na sexta-feira passada.

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Naquele dia, durante um encontro organizado no aeroporto com 13 personalidades russas, entre elas Kitcherena, Snowden disse que tinha a intenção de pedir asilo político à Rússia, à espera de poder viajar à América Latina, onde Venezuela, Bolívia e Nicarágua se propuseram a acolhê-lo.

"Como não fala russo nem conhece a legislação (russa), expliquei tudo a ele sobre o status de refugiado e as leis que o definem", indicou o advogado. "Também expliquei o decreto de 1995 sobre o asilo político e a diretiva governamental sobre o asilo temporário", disse.

O informático americano, que chegou a Moscou no dia 23 de junho procedente de Hong Kong, é acusado de espionagem por Washington depois de ter revelado dados sobre o sistema de vigilância eletrônica americana em todo o mundo.

Snowden, que trabalhava para uma empresa subcontratada pela Agência Nacional de Segurança (NSA) americana, encontra-se no aeroporto de Moscou-Sheremetievo desde 23 de junho, de onde não pode sair por ter tido seu passaporte americano revogado.

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Há duas semanas havia feito um primeiro pedido de asilo à Rússia, mas voltou atrás depois que o presidente russo, Vladimir Putin, colocou como condição o fim das revelações sobre o programa de espionagem americano.

Na segunda-feira, o presidente russo assegurou que Swowden deixará o país quando puder. "Dissemos a ele que temos relações com os Estados Unidos e não queremos que prejudique estas relações", declarou Putin. "Snowden disse: 'Quero seguir com minha atividade, quero lutar pelos direitos humanos', e respondemos: 'Isso será sem nós, temos outras lutas a travar'", explicou Putin, que acusou os Estados Unidos de terem "encurralado" Snowden na Rússia.

Embora Putin tenha afirmado em diversas ocasiões que os serviços secretos russos não trabalharam e não trabalham com Snowden, muitos observadores - entre eles o chefe da Anistia Internacional na Rússia, Serguei Nikitin, que assistiu ao encontro de sexta-feira - estimaram que esta reunião não poderia ter ocorrido sem a participação dos serviços secretos.

A opção de solicitar asilo político definitivo parece mais complexa para Snowden, já que a Rússia pode hesitar em conceder este status a um americano que trabalhou para os serviços de inteligência, explicou à AFP a militante russa de direitos humanos Svetlana Gannushkina, que, ironicamente, levantou a alternativa de que Snowden obtivesse um passaporte russo.

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"Um passaporte russo: se nosso presidente o concedeu a um ex-ator, também pode dá-lo a Snowden", disse Gannushkina, referindo-se ao caso do ator francês Gerard Depardieu, que obteve a nacionalidade russa recentemente.

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Foto: AFP

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