Os americanos vão às urnas nesta terça-feira em eleições legislativas que poderão tirar o controle do Senado do Partido Democrata, do presidente Barack Obama.
As eleições irão renovar todas as 435 cadeiras da Câmara dos Representantes (equivalente a deputados federais) e um terço das cem cadeiras do Senado.
Também serão eleitos governadores de 36 dos 50 Estados e três territórios e diversos prefeitos.
Além disso, os eleitores votarão em mais de 150 referendos locais sobre temas variados, como aborto, legalização da maconha e porte de armas.
Segundo pesquisas, o Partido Republicano deverá não somente manter o controle da Câmara como também tem grandes chances de tirar do Partido Democrata o comando do Senado.
Polarização
Estão em jogo nestas eleições 36 cadeiras do Senado, das quais 21 são ocupadas por democratas e 15 por republicanos.
As pesquisas indicam que os republicanos poderão conquistar o mínimo de seis cadeiras necessárias para tirar a maioria das mãos do partido adversário.
Caso as projeções se confirmem e os republicanos assumam o controle total do Congresso, a polarização que já paralisa Washington irá se aprofundar, e Obama deverá enfrentar ainda mais resistência a suas iniciativas nos dois anos finais de seu governo.
"As consideráveis diferenças ideológicas entre os partidos (Democrata e Republicano), combinadas com seus poderosos incentivos estratégicos para se opor ao outro, vão manter nossa política e nosso governo em uma trajetória disfuncional", prevê o analista Thomas Mann, do instituto Brookings.
Comparecimento
Em um país em que o voto não é obrigatório, as eleições legislativas de meio termo (midterm), que ocorrem no meio do mandato presidencial, historicamente atraem menos eleitores, já que não está em jogo a Casa Branca.
O comparecimento costuma ser de 40%, bem abaixo da média de cerca de 60% registrada nas três últimas eleições presidenciais.
Nesse cenário, o partido que conseguir convencer o maior número de eleitores a comparecer às urnas pode levar vantagem.
Tradicionalmente, o americano que vota nas eleições de meio mandato é mais velho e branco, fatia da população que costuma se identificar com o Partido Republicano.
Os democratas dependem muito do voto de minorias e eleitores mais jovens, que não costumam votar nessas eleições.
Além disso, as eleições legislativas que ocorrem no meio do segundo mandato de um presidente, como é o caso desta, costumam ter resultados desfavoráveis ao partido do ocupante da Casa Branca.
Popularidade
Mais do que o baixo comparecimento, porém, é a baixa popularidade de Obama, em níveis recordes, que preocupa seu partido.
Com taxa de aprovação de apenas 41%, segundo pesquisa Gallup, o presidente se tornou em uma figura tóxica nesta corrida eleitoral. Apesar da recuperação da economia americana, Obama continua atraindo críticas da direita (que ainda capitaliza na oposição à sua reforma da saúde aprovada em 2010) e da esquerda (que o acusa de insensibilidade ao dar continuidade às deportações de imigrantes indocumentados nos EUA).
Ele também é retratado como um líder hesitante em questões de política internacional, ao lidar, por exemplo, com a guerra na Síria e o conflito entre israelenses e palestinos.
Por essas questões, a maioria dos candidatos democratas em Estados onde a disputa é mais acirrada preferiram se afastar do presidente para evitar danos às suas campanhas.
Os republicanos, por sua vez, se esforçaram para transformar a eleição em um referendo sobre Obama, usando temas como o avanço do ebola ou a ameaça do Estado Islâmico para criticar as políticas do presidente.
"A fraca taxa de aprovação de Obama sem dúvida beneficiou candidatos republicanos em todo o país, particularmente em termos de motivação dos eleitores a votar", dizem os autores da pesquisa Gallup.
Segundo a pesquisa, em alguns dos Estados considerados cruciais para o controle do Senado, a aprovação de Obama é ainda mais baixa que a média nacional. Obama tem apenas 29% de aprovação no Arkansas, 33% no Kansas e 38% em Iowa.
Segundo turno
Mas apesar das perspectivas favoráveis aos republicanos, a disputa pelo Senado pode ser decidida voto a voto.
Em alguns dos Estados que podem decidir a maioria no Senado, como Carolina do Norte e Iowa, pesquisas indicam empate técnico entre os candidatos dos dois partidos.
Em pelo menos dois Estados – Louisiana e Georgia – há a possibilidade de que a disputa vá para o segundo turno, caso nenhum dos candidatos consiga mais de 50% dos votos, como exigem as leis estaduais.
Em Louisiana, um eventual segundo turno seria realizado em 6 de dezembro. Na Geórgia, somente em 6 de janeiro.
Neste caso, há o risco de que o novo Congresso comece a trabalhar, como ocorre tradicionalmente em 3 de janeiro, ainda sem saber quem está no controle.