‘Comício', 'descolamento da realidade', 'agressivo': especialistas comentam discurso de Trump

Empossado nesta segunda-feira, 20, Donald Trump é o novo presidente dos Estados Unidos. Seu discurso teve um tom agressivo, com ataques ao governo de Joe Biden, a pessoas LGBTs, imigrantes e mais. “O declínio da América acabou”, frisou, em um dos momentos. Para os especialistas que comentaram o evento em live, no Terra Agora, o clima foi de comício e descolamento da realidade.

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“A sensação, ouvindo o discurso do Trump e todas essas frases de efeito que ele coloca, é que há um descolamento da realidade internacional. Do ponto de vista econômico e de como o mundo tem se organizado”, comentou Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM e especialista em EUA.

Para ela, além da crítica ao governo Biden, Trump também propõe um desmantelamento de políticas que foram centrais no governo passado, como a industrialização verde e limitações da perfuração de petróleo. “É como se a gente tivesse voltando pro século 20, na perspectiva do Trump”, analisou.

“É basicamente o que ele falou a campanha inteira, e pareceu um comício esse discurso”, complementou a repórter Karen Lemos, do Terra, que também participou da live. A jornalista cobriu a eleição presidencial diretamente dos Estados Unidos.

Já para Sérgio Lirio, redator-chefe da CartaCapital, Trump recupera aspectos de seu primeiro mandato, como as falas sobre “inimigos externos", de forma mais radicalizada. “Ele sempre repetiu durante a campanha que os imigrantes ilegais traziam doenças, eram ‘doentes mentais’, ou criminosos e deveriam ser todos expulsos. Há um discurso e há uma realidade”, pontuou.

Lírio questiona se o novo presidente conseguirá cumprir essa deportação em massa que tanto promete: “Os números não batem. Não há condições físicas, aparentemente, para fazer isso. Se eu deportar 1 milhão, não tem nem estrutura na Justiça, nem na polícia, onde alojar…”.

Mais sobre a posse

O discurso de Trump se deu na presença de quatro de seus antecessores -- Joe Biden, Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton. Diante de políticos, embaixadores, líderes estrangeiros, celebridades e empresários americanos presentes no Capitólio, sede do poder Legislativo, Trump disse que a era de ouro dos Estados Unidos começa agora.

“A partir deste dia nosso país florescerá e será respeitado por todo mundo. Seremos invejado por todo mundo e não permitiremos que ninguém se aproveite da gente”, disse.

O republicano também falou em restauração da América. “Colocarei a América em primeiro lugar. Nossa soberania será recuperada, nossa segurança, as balanças da justiça equilibrada. Nossa maior prioridade é criar uma nação orgulhosa, próspera e livre. A América em breve será maior, mais forte. Eu retorno com confiança e otimismo que estamos no início de uma era de muito sucesso nacional”. 

No discurso, Trump anunciou as primeiras medidas concretas de sua gestão. Como era esperado, ele prometeu endurecer o cerco contra os imigrantes. “Deixamos de proteger nossos cidadãos para proteger gente de fora do país. Restabelecermos nossa política "Fique no México", afirmou. 

Trump ainda promete eliminar os cartéis liderados por organizações terroristas, promete combater a inflação no País e fazer dos Estados Unidos um país industrial. Eu fui salvo por Deus para tornar a América grande novamente", ao se referir ao atentado de julho de 2024.