Donald Trump derrota Kamala Harris e é eleito o 47º presidente dos Estados Unidos

6 nov 2024 - 07h39
(atualizado às 08h51)

Após uma campanha acirrada, o republicano Donald Trump, de 78 anos, derrotou Kamala Harris, de 60, e foi eleito o 47º presidente dos Estados Unidos. A vitória foi confirmada de maneira mais tranquila do que o projeto pelos institutos de pesquisa. 

O anúncio do retorno do republicano à Casa Branca aconteceu após ele conquistar 277 delegados no colégio eleitoral, enquanto Kamala somava 224, segundo projeções da imprensa e de institutos de pesquisa divulgados na manhã desta quarta-feira. Para vencer o pleito nos EUA, é necessário obter ao menos 270 delegados dos 538 em disputa. 

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Assim, Trump voltará a ocupar o Salão Oval da Casa Branca pelos próximos 4 anos. Ele e o vice, J. D. Vance, tomam posse em 20 de janeiro de 2025. Esta é a segunda vez na história dos EUA, desde Grover Cleveland em 1892, que um ex-presidente conquista um segundo mandato não consecutivo

Trump venceu as eleições de 2016, quando derrotou outra candidata democrata mulher, Hillary Clinton. Na ocasião, Trump obteve 304 votos dos colégios eleitorais, frente a 227 da ex-secretária de estado.

Já em 2020, Trump disputou a reeleição contra o democrata Joe Biden, que consagrou-se vitorioso com 306 votos do colégio eleitoral, contra 232 do republicano. 

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Mais uma vez, as eleições presidenciais norte-americanas foram decididas pelos Estados-pêndulos, aqueles que não possuem uma preferência política fixa entre os partidos Democrata e Republicano. Neste ano, os sete Estados decisivos foram: Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin. Ao todo, eles somavam 93 dos 538 delegados em disputa.

A trajetória de Kamala Harris como candidata do partido Democrata para as eleições presidenciais não foi linear. Ela tornou-se líder da chapa após Biden desistir de disputar a reeleição.

Caso vencesse, Kamala seria a primeira presidente mulher dos Estados Unidos. A democrata, no entanto,  já havia feito história em 2020 ao se tornar a primeira mulher negra e descendente do sul da Ásia a servir como vice-presidente do país. 

Condenação e problemas com a Justiça

Donald Trump
Donald Trump
Foto: Brian Snyder / Reuters

Em maio, Donald Trump se tornou o primeiro ex-presidente dos EUA a ser condenado  criminalmente ao ser considerado culpado de falsificar registros financeiros para ocultar o pagamento

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Ele foi considerado culpado de falsificar registros financeiros para ocultar um pagamento para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels, que teria sido sua amante, para evitar possíveis danos à sua campanha eleitoral de 2016. Ao todo, ele foi considerado culpado das 34 acusações criminais de falsificação. 

Trump aguarda a determinação da sentença, que poderá ordenar detenção ou pagamento de multa. A sentença deve ser proferida apenas no dia 26 de novembro. Especialistas alegam que a detenção do republicano é improvável.  

Além desta condenação, Donald Trump responde a outros três processos na esfera criminal sob a acusação de interferir nas eleições, conspiração e mau uso de documentos sigilosos após encerrar o seu mandato.  

Economia, aborto e imigração: os temas centrais da disputa presidencial

Os rastros deixados pela alta da inflação, que atingiu o maior patamar em 40 anos nos EUA em 2022, ainda ecoam no eleitorado. A inflação desacelerou consideravelmente, mas a alta dos preços persiste. O cidadão norte-americano sente no bolso a alta dos preços nos postos de gasolina, supermercados, nas taxas de financiamento de imóveis, entre outros pontos, que elevaram o custo de vida e deixaram o ‘sonho americano’ cada vez mais distante.

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Assim, a economia foi ponto central das campanhas de Kamala Harris e Donald Trump. A imigração e o direito ao aborto também foram outros temas centrais abordados pelos candidatos durante a corrida eleitoral. Confira, o que cada candidato propõe sobre os temas:

Atentado 

Donald Trump é ferido
Foto: Brendan McDermid

Em meio a polarização que marca a disputa mais acirrada da história dos Estados Unidos, Donald Trump foi alvo de uma tentativa de assassinato durante comício, no dia 15 de julho, na cidade de Butler, na Pensilvânia, quando um atirador disparou contra ele. O republicano sofreu um ferimento na orelha e precisou ser retirado às pressas do local pelos seguranças. Uma pessoa morreu e outras duas ficaram gravemente feridas. 

O suspeito do crime,  identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos,  foi baleado e morto no local por agentes do Serviço Secreto. Crooks, possuía registro como filiado ao partido republicano, agiu sozinho. 

O atentado provocou uma onda de críticas contra o Serviço Secreto. Como consequência, a  então diretora da agência Secreto, Kimberly Cheatle, renunciou em julho. Outros membros da equipe de segurança de Trump também foram realocados para diferentes funções. 

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Desistência de Biden

Cidadãos americanos que vivem no México se reúnem para assistir ao primeiro debate entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o ex-presidente Donald Trump, no restaurante Pinche Gringo BBQ, na Cidade do México, México, em 27 de junho de 2024.
Foto: Reuters/Quetzalli Nicte-Ha

A indicação de Kamala Harris para liderar a chapa do partido democrata ganhou força após o desempenho desastroso de Joe Biden no debate contra Trump em 27 de junho, quando ele se mostrou hesitante, confuso e até com dificuldades para falar, o que levantou preocupações sobre a sua saúde cognitiva do democrata, culminando da desistência de Biden de disputar a reeleição.

O anúncio da desistência foi feito por meio de uma carta publicada nas redes sociais do presidente dos EUA, em 21 de julho. Já a chapa do partido Democrata, com Kamala Harris e Tim Walz, como candidato a vice-presidente, foi oficializada durante a Convenção Nacional da agremiação, em agosto. 

Após o presidente dos Estados Unidos desistir da candidatura à reeleição, as doações para os democratas dispararam. A campanha online arrecadou em torno de US$ 50 milhões (cerca de R$ 280 milhões, na cotação atual) somente no domingo, 21, conforme a ActBlue, plataforma de arrecadação de fundos do partido.

Invasão ao Capitólio

Após o revés nas urnas em 2020, Trump não reconheceu a derrota. Em 6 de janeiro de 2021, centenas de apoiadores de Trump invadiram e depredaram o Capitólio, a sede do Congresso norte-americano, na tentativa de mudar o resultado das eleições. 

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O ataque antidemocrático resultou na morte de cinco pessoas, incluindo um policial do Capitólio, e deixou cerca de 140 feridos. Mais de 700 indivíduos foram posteriormente identificados e detidos por sua participação na invasão.

Centenas de apoiadores de Trump haviam se reunido em um parque próximo à Casa Branca em Washington num encontro chamado ‘Salvem os EUA’, naquela manhã. Os discursos Rudy Giuliani, um dos advogados de Trump, e do próprio Donald Trump repetiram mentiras sobre o processo eleitoral, alegando, sem provas, que as eleições foram fraudadas,e incentivaram a multidão a marchar até o Capitólio para lutar pelos EUA. 

Centenas de apoiadores de Trump dominaram os policiais na entrada do Capitólio, invadindo e depredando o local. A sede do Congresso dos EUA realizava naquele dia a contagem oficial dos votos do Colégio Eleitoral, para certificar a vitória de Biden. A sessão, comandada pelo vice-presidente republicano Mike Pence, teve de ser interrompida. Os parlamentares foram retirados às pressas do prédio.

A audiência foi retomada apenas nas primeiras horas do dia 7 de janeiro, confirmando a vitória de Biden.

Carreira e vida pessoal

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Donald Trump nasceu em 14 de junho de 1946, em Queens, Nova York, em uma família rica, que acumulou fortuna no ramo da construção civil. Formado em economia pela Universidade da Pensilvânia, Trump iniciou a carreira no ramo imobiliário após receber um empréstimo de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,8 mi) do pai. Depois, em 1971, ele assumiu a empresa familiar e mudou posteriormente o seu nome para The Trump Organization.

Ao longo do ano, ele diversificou os investimentos e chegou a ser o dono da empresa responsável pelos concursos de beleza Miss Universo, Miss USA e Miss Teen USA. Mas foi com a publicação do livro ‘Trump: The Art of the Deal’, em 1987, considerada como um guia de negócios e ostentação, que ele alcançou a fama. 

O livro também inspirou o produtor Mark Burnett a convidar Trump para estrelar o reality show ‘O Aprendiz', no qual duas equipes competiam em busca de um emprego nas empresas de Trump, além de outros prêmios. Com o reality, a fama de Trump atingiu um novo patamar, popularizando o nome do republicano pelos EUA e pelo mundo. 

Em 2015, ele anunciou sua candidatura à presidência dos Estados Unidos pelo partido Republicano. A vitória contra Hillary Clinton, no entanto, foi uma surpresa.  Na Casa Branca, o seu governo foi marcado por políticas de nacionalismo econômico, o endurecimento contra a imigração e a retirada de acordos internacionais. 

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A vida pessoal de Trump também foi marcada por polêmicas. Seu primeiro casamento foi com a modelo tcheca Ivana Trump, de 1977 até 1992, com quem teve três filhos, Donald Trump Jr., Ivanka e Eric Trump. 

A separação foi conturbada e Ivana chegou a relatar um episódio de agressão sofrido durante o casamento, além de acusações de traição de Trump com Marla Maples, que seria a segunda esposa do bilionário. Trump e Marla foram casados de 1993 a 1999 e tiveram uma filha, Tiffany Trump. A atual esposa do republicano é a ex-modelo Melania Trump, com quem está casado desde 2005. Juntos, eles tiveram um filho, o caçula de Donald, Barron Trump.

Design de Cláudia Guimarães

Fonte: Redação Terra
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