No dia em que os eleitores dos Estados Unidos votam para decidir quem governará o país, o candidato Donald Trump compartilhou um vídeo de campanha na rede social Truth, trazendo de volta uma fake news que circulou nas redes sociais durante a Olimpíada de Paris, sobre a boxeadora argelina Imane Khelif.
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No vídeo, de um minuto, postado na manhã desta terça-feira, dia 5, o narrador fala sobre valores americanos que precisam ser resgatados, afirmando que "homens derrotam mulheres e ganham medalhas" ao mostrar a foto de Khelif. No entanto, a atleta não é transgênero, mas intersexo --pessoas nascidas com características biológicas que fogem do padrão binário masculino ou feminino, incluindo genitais, padrões cromossômicos e glândulas, como testículos e ovários.
"Quatro anos atrás, nós tomamos o caminho errado e perdemos nosso propósito. Perdemos a força que faz a América ser o que é. Se ousamos falar a verdade é discurso de ódio. (...) Nós entregamos nossas fronteiras, contracheques e nossa coragem. Nosso patriotismo foi chamado de tóxico. (...) Nós agora somos convocados a retomar as coisas do jeito que eram", diz trechos do vídeo.
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Khelif conquistou a medalha de ouro no peso médio na final de boxe das Olimpíadas de Paris-2024, mas foi alvo de ataques de gênero. Ela foi autorizada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) a competir nos Jogos Olímpicos, mas no ano anterior havia sido desclassificada do Campeonato Mundial pela Associação Internacional de Boxe (IBA), liderada pela Rússia, por supostamente não cumprir "requisitos de gênero", que incluíam testes hormonais.
A argelina se tornou alvo de uma polêmica sobre gênero ao derrotar a italiana Angela Carini nas oitavas de final, em uma luta que terminou em 46 segundos, após Carini desistir.
Logo após a luta, Khelif foi atacada com alegações falsas de que seria uma mulher transgênero, que é quando a pessoa não se reconhece no sexo que nasceu.
Khelif sempre competiu na categoria feminina e é reconhecida pelo COI como atleta feminina. Segundo Mark Adams, porta-voz do COI afirmou à época da competição, a boxeadora argelina "nasceu mulher, foi registrada como mulher, viveu sua vida como mulher, lutou boxe como mulher, tem um passaporte feminino". Não há nenhuma indicação de que Khelif não seja uma mulher cisgênero.