A pré-candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, considerou nesta terça-feira que o governo americano tem que "deixar claro" para o presidente russo Vladimir Putin que ele não pode intervir na Síria para criar "mais caos", durante o debate do partido em Las Vegas.
"Os Estados Unidos devem deixar claro para Putin que é inaceitável que intervenha na Síria para criar mais caos", afirmou a candidata democrata.
Hillary também enalteceu a decisão do governo de Barack Obama de restabelecer conversas diplomáticas com Moscou para tratar do problema na Síria.
A ex-secretária de Estado foi a única entre os cinco pré-candidatos democratas que apostou pela criação de "zonas de exclusão aérea" na Síria, uma ideia que alguns legisladores democratas do Congresso já estão apoiando e que foi bem recebida pela maioria dos integrantes da oposição republicana.
Além disso, Hillary afirmou que os Estados Unidos já estão "voando" sobre a Síria como fazem sobre o Iraque, e que isso ajudaria a atrair os russos à mesa de negociação pela via diplomática. No entanto, a ex-secretária de Estado foi criticada por seus oponentes, o senador Bernie Sanders e o ex-governador por Maryland, Martin O'Malley, que consideram esta opção como "um erro".
Sanders, até o momento o rival mais forte de Hillary segundo as pesquisas, rejeitou qualquer intervenção militar americana na Síria que implique o envio de soldados no terreno, um aspecto no qual também coincidiram os outros pré-candidatos.
O senador acredita que a solução é criar uma coalizão internacional e apoiar "àqueles que lutam contra (o presidente sírio, Bashar al Assad) e que também o fazem contra o Estado Islâmico (EI)".
"Precisamos criar coalizões, não adotar ações unilaterais", insistiu Sanders.
Nesse sentido, Hillary esteve de acordo com seu rival, mas ressaltou que é importante que os países árabes estejam incluídos nessas alianças internacionais, e manifestou sua preocupação com o fato de que o EI esteja "ganhando mais território", o que representa uma "verdadeira ameaça" para a região.
A Rússia começou a bombardear zonas controladas por opositores ao regime de Assad na Síria no início deste mês, após posicionar dezenas de caças e material militar no país árabe, argumentando que suas intenções são acabar com o EI, assim como pretende a coalizão internacional liderada pelos EUA.
No entanto, as ações militares contra os opositores sírios parecem destinadas a manter Assad no comando do país, um tradicional aliado de Moscou desde os tempos de Guerra Fria, algo que Washington considera contraproducente para a resolução do conflito interno na Síria.
O próprio presidente Obama denunciou que as forças russas na Síria "não distinguem entre o Estado Islâmico e a oposição moderada sunita", e assegurou que isso é "uma receita para o desastre".