O empresário Donald Trump aceitou oficialmente nessa quinta-feira (21) a indicação como candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos. O anúncio foi realizado num longo discurso durante o encerramento da convenção nacional da legenda em Cleveland.
"Amigos, delegados e compatriotas americanos: eu, com humildade e gratidão, aceito a nomeação à presidência dos Estados Unidos", disse Trump ao subir no palanque, recebendo muitos aplausos. A candidatura foi confirmada na última terça-feira após votação dos delegados republicanos.
O magnata, que possivelmente concorrerá com a democrata Hillary Clinton nas eleições de 8 de novembro, garantiu que levará seu partido "de volta à Casa Branca", assim como os EUA "de volta à segurança, prosperidade e paz". "Seremos um país de generosidade e zelo. Mas também seremos um país de lei e ordem. Não há mais condições de sermos politicamente corretos", completou.
"Imigração descontrolada"
Trump declarou que seu governo será para o povo americano, incluindo aqueles "ignorados pelos políticos". "Homens e mulheres do nosso país, pessoas que trabalham duro, mas já não têm uma voz. Eu sou sua voz", bravou. "Minha mensagem é que as coisas têm que mudar. E têm que mudar agora."
O candidato foi duro quanto à política de imigração. Ele acusou os migrantes ilegais - que "estão sendo liberados em dezenas de milhares em nossas comunidades" - de sobrecarregarem os recursos do país, roubarem os empregos dos americanos e, em alguns casos, cometerem crimes.
Como solução, Trump voltou a falar sobre construir um grande muro ao longo da fronteira com o México para "pôr fim à imigração ilegal, às gangues e à violência e para impedir a entrada de drogas". "Impondo leis para as milhões de pessoas que ficam mais tempo do que seus vistos permitem, nossas leis finalmente receberão o respeito que merecem. A paz será restabelecida", completou.
Quanto aos refugiados, o republicano propôs suspender imediatamente o asilo a todos que venham de países afetados pelo terrorismo, "até que tenhamos mecanismos de controle rigorosos".
Apesar de dizer que terá "compaixão com todos", Trump disse que sua "maior compaixão é com nossos cidadãos lutadores". "Meu plano é exatamente o oposto da política migratória de Hillary Clinton. Os americanos querem um respiro da imigração descontrolada", afirmou.
Ataques a Hillary
Trump teceu fortes críticas à rival Hillary, uma resposta aos republicanos que dizem que a melhor maneira de unificar o partido é detalhando por que a democrata não deve ser eleita em novembro.
O candidato acusou a oponente de ter deixado um legado de "morte, destruição, terrorismo e fraqueza" quando foi secretária de Estado. "Após quatro anos de Hillary Clinton, o que nós temos? O EI ["Estado Islâmico"] se espalhou pela região e pelo mundo. A Líbia está em ruínas, e nosso embaixador e sua equipe foram deixados lá, impotentes, para morrer", disse ele.
"Depois de 15 anos de guerras no Oriente Médio, depois de trilhões de dólares gastos e milhares de vidas perdidas, a situação está pior do que estava antes", insistiu Trump, que ainda rechaçou a complacência de Hillary em aceitar milhares de refugiados sírios.
"Hillary Clinton está propondo uma anistia generalizada, uma imigração em massa e uma total falta de respeito às leis. Seu plano irá saturar escolas e hospitais e fará despencarem os empregos e salários", disse. "Isso deixará ainda mais difícil que os migrantes saiam da pobreza."
O discurso de Trump encerrou os quatro dias da convenção nacional do Partido Republicano, marcada por sua tentativa de unificar uma legenda profundamente dividida. Personalidades republicanas importantes, como os ex-presidentes George W. Bush e seu pai, George Bush, e os dois últimos candidatos à Casa Branca, Mitt Romney e John McCain, boicotaram o evento.
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