Trump homenageia vítima de atentado e diz que vai 'salvar a democracia', em 1º discurso após tiroteio

Evento foi realizado na noite desta quinta-feira, 18, durante a Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee

19 jul 2024 - 00h03
(atualizado às 01h26)
Foto: Reuters

Donald Trump, de 78 anos,  encerrou a Convenção Nacional Republicana na noite desta quinta-feira, 18, em Milwaukee, no qual ele aceitou formalmente a indicação do partido para disputar as eleições presidenciais em novembro. O evento ocorreu dias após a tentativa de assassinato contra Trump, que deixou o ex-presidente com a orelha direita ferida e duas pessoas mortas, um apoiador republicano e o atirador.

“Estou diante de vocês esta noite com uma mensagem de confiança, força e esperança. Daqui a quatro meses teremos uma vitória incrível e daremos início aos quatro maiores anos da história do nosso país.   Estou concorrendo para ser presidente de toda a América, não de metade da América, porque não há vitória em vencer para metade da América. Nesta noite, eu aceito com fé e devoção, aceito orgulhosamente sua indicação para presidente dos Estados Unidos", iniciou Trump.

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O candidato adotou um discurso emotivo e quase messiânico ao relatar como sobreviveu a uma tentativa de assassinato, além de alfinetar os democratas e ressaltar que é "a pessoa que vai salvar a democracia" nos Estados Unidos. Inicialmente, ele adotou um tom mais apaziguador, pregando união.

"Essa eleição tem que ser como fazer a América ser grande novamente. Em uma época em que a política pode nos dividir, temos que lembrar que somos apenas uma nação. Não devemos demonizar as diferenças políticas", afirmou.

Mas no decorrer da noite voltou a elevar o tom, em especial, ao falar sobre imigração, reafirmando que os EUA vivem "uma invasão" de imigrantes ligados ao "tráfico de drogas" ou "criminosos e vindos de instituições psiquiátricas". Em outro momento, ele afirmou que os imigrantes "roubam os empregos dos norte-americanos negros".

Durante o seu discurso, Trump evitou citar o nome de Joe Biden. “Se você somar os 10 piores presidentes, eles não teriam causado o dano que Biden causou. Biden, não vou mais usar esse nome", disse.

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Atentado

"Eu ouvi um assovio e senti algo na minha orelha [...] Minha mãe estava coberta de sangue e eu inicialmente percebi que era muito sério, que estávamos sendo atacados. Os agentes do Serviço do Secreto correram para o palco e se jogaram sobre mim para que eu fosse protegido. Tinha sangue para todos os lados. Mas eu me senti seguro porque tenho Deus do meu lado. O mais incrível é que se eu não virasse a cabeça, o atirador teria acertado o tiro e não estaríamos aqui hoje a noite.. Eu não deveria estar aqui hoje a noite"

Homenagem a vítima

No palco do evento, Trump levou o capacete e uma jaqueta de bombeiro que pertenceu a Corey Compatore, vítima fatal do acidente. Ele revelou que foi feita uma doação no valor de US$ 1 milhão (mais de R$ 5 milhões) para os familiares das vítimas.

Nós vamos mandar muito dinheiro, mas isso não vai compensar a morte [de Corey]", disse Trump ao anunciar a doação.

O candidato também revelou pediu um minuto de silêncio em homenagem a Corey e revelou o estado de saúde das outras duas vítimas do atentado. "Os outros dois tiveram ferimentos graves, mas ficarão bem. Eles são guerreiros".

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Terceira Guerra

Trump  afirmou que o mundo está “à beira da Terceira Guerra Mundial”. “Um espectro crescente de conflito paira sobre Taiwan, a Coreia, as Filipinas e toda a Ásia. E esta será uma guerra como nenhuma outra por causa do armamento".

Ataques ao partido democrata

Em outo trecho, Trump afirmou que os membros do partido democrata devem parar de "usar o sistema de Justiça como uma arma" e parar de "rotular o seu adversário político como inimigo da democracia.” Ele também observou as intimações que seus familiares receberam do Congresso.

“Eles foram intimados mais do que qualquer pessoa, provavelmente a história dos Estados Unidos, todas as semanas, eles recebem outra intimação dos democratas. Eles têm que parar com isso porque estão destruindo nosso país.” 

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Donald Trump também acusou, sem provas, os democratas de usarem "a covid-19 para fraudar a eleição de 2020".

Inflação e imigração

“Há poucos anos, sob a minha presidência, tínhamos a fronteira mais segura e a melhor economia da história do nosso país”, disse Trump. “Também temos uma crise de imigração ilegal e está a acontecer neste momento, enquanto estamos aqui sentados nesta bela arena. É uma invasão massiva na nossa fronteira sul”, afirmou. 

O candidato republicano voltou a afirmar que os imigrantes deixam "instituições mentais e presídios" em direção aos EUA.

Na sequência, ele mudou a pauta para economia. “É hora de mudar. Este governo não consegue nem chegar perto de resolver os problemas. Vou acabar imediatamente com a devastadora crise inflacionária, reduzir as taxas de juros e baixar o custo da energia”.

Foto: Reuters

Atentado contra Trump

Trump foi retirado às pressas do palco, depois que tiros interromperam o comício em que ele discursava no sábado, 13, em Butler, Pensilvânia. Ele foi atingido de raspão na orelha direita e chegou a ser brevemente hospitalizado.

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O atirador e um dos apoiadores de Donald Trump que participava do comício foram mortos. Outros dois participantes do comício estão internados em estado grave.

Posteriormente, Trump se pronunciou em sua rede social, Truth, dizendo ter sido atingido na orelha. "Fui atingido por uma bala que perfurou a parte superior da minha orelha direita. Eu soube imediatamente que algo estava errado, pois ouvi um som de zumbido, tiros, e imediatamente senti a bala rasgando a pele. Houve muito sangramento, então percebi o que estava acontecendo", escreveu.

O FBI revelou no domingo que o responsável pelo atentado contra o ex-presidente agiu sozinho. Ele foi identificado como Thomas Matthew Crooks. As motivações do crime, no entanto, permanecem desconhecidas.

Já o apoiador de Trump morto foi identificado como Corey Comperatore, de 50 anos.

Após o atentado, o presidente dos EUA Joe Biden pediu unidade aos norte-americanos durante pronunciamento direto do Salão Oval da Casa Braca. Ele também reforçou que "a política nunca deve ser um campo de batalha e, Deus nos livre, um campo de morte. Eu acredito que ela deve ser uma arena para o debate pacífico, para a busca da Justiça".

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Eleições 2024

A pesquisa Reuters/Ipsos, divulgada na terça-feira, 16, mostra Trump e Biden tecnicamente empatados. O ex-presidente Donald Trump aparece com 43% das intenções de voto, enquanto Biden tem 41%. Eles estão empatados dentro da margem de erro do levantamento, que é de 3 pontos percentuais.

Essa foi a primeira pesquisa do instituto após o atentado contra Trump no fim de semana. Segundo a Reuters, os números sugerem que a tentativa de assassinato não causou uma grande mudança no sentimento do eleitor. Na pesquisa anterior, feita entre os dias 1º e 2 de julho, os dois candidatos apareciam com 40%.

A pesquisa também mostrou que os norte-americanos temem que seu país esteja saindo de controle depois do atentado contra Trump, com preocupações crescentes que a eleição de 5 de novembro possa motivar violência política.

Cerca de 80% dos eleitores, incluindo parcelas similares entre democratas e republicanos, concordam com a frase que "o país está saindo de controle".

Fonte: Redação Terra
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