Três dias depois do fechamento das urnas da eleição americana, o candidato democrata Joe Biden conseguiu na manhã desta sexta-feira (6/11) ultrapassar o presidente republicano Donald Trump em dois Estados cruciais para uma vitória na disputa ainda em aberto.
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Na liderança, Biden precisa vencer apenas na Pensilvânia, ou em 2 dos outros 4 Estados indefinidos. A tendência atual é que ele vença em 4 desses 5.
Mas, neste momento, lidera a apuração dos votos em quatro (Nevada, Arizona, Geórgia e Pensilvânia), mas está bem longe de virar o jogo na Carolina do Norte.
O resultado final pode sair ainda nesta sexta-feira (6/11) graças à apuração na Pensilvânia, onde restam menos de 200 mil cédulas, quase um terço do total ainda a ser contado em Estados com disputa clara (menos 700 mil, segundo estimativas).
Enquanto o resultado não se define, a cada dia cresce a apreensão e o número de manifestantes nas ruas dos EUA contra e a favor da contagem de todos os votos restantes. Trump tem elevado o tom das acusações infundadas de fraude, e Biden, pedido calma e união.
Cenário mais curto: Biden vence na Pensilvânia
Isso porque restam na Pensilvânia, que tem peso eleitoral suficiente para definir a disputa, menos de 200 mil votos a serem contados. Um número menor que o total de cédulas contadas no Estado ao longo da quinta-feira (5/11).
Biden passou a liderar a corrida no Estado na manhã de 6/11, com uma vantagem de 5.587 votos. A margem de Trump, que chegou 618 mil há dois dias, vinha caindo progressivamente.
Se vencer na Pensilvânia, Biden se elege presidente porque ele levará os 20 votos do Estado no Colégio Eleitoral, sistema de votação indireta dos EUA. Neste modelo, cada Estado tem um número de votos equivalente ao tamanho de sua população, e o candidato preciso somar ao menos 270 para ganhar a Presidência.
Até a manhã desta sexta-feira, Biden somava 253 votos no Colégio Eleitoral e Trump, 214.
Cenário de prazo incerto: Biden perde na Pensilvânia, mas vence em outros 2 Estados
Caso seja derrotado por Trump na Pensilvânia, Biden tem ainda outras três combinações possíveis de resultado para obter mais de 17 votos no Colégio Eleitoral e se eleger presidente.
Ele precisaria vencer em 2 desses 4 Estados: Nevada, Arizona, Geórgia e Carolina do Norte.
Neste momento, a tendência na contagem de votos aponta que Biden vencerá nos três primeiros. Mas o perfil dos eleitores presentes em cada leva de cédulas contadas pode alterar esse quadro apertado.
Biden lidera atualmente em Nevada, na Geórgia e no Arizona, mas a vantagem dele no terceiro Estado tem caído consistentemente. Há dois dias, 93 mil votos separavam os dois ali e agora, 47 mil — vale lembrar que restam 310 mil votos a serem contados no Arizona.
De todo modo, segundo a média atual, Trump não tem obtido votos suficientes para conseguir virar o jogo, só diminuir a vantagem. Mas esse cenário pode mudar a qualquer momento.
Por outro lado, projeções da agência de notícias Associated Press e da emissora Fox News já declararam que Biden vencerá no Arizona, mas outros veículos de imprensa, incluindo BBC, CNN e Reuters, ainda não consideram definido o resultado ali.
Por outro lado, Biden conseguiu virar o jogo na Geórgia na manhã desta sexta. A liderança de Trump vinha caindo progressivamente desde quarta-feira, quando o republicano tinha 103 mil votos a mais.
Agora, Biden lidera por uma diferença de 917 votos, com tendência de ampliar a margem. Estima-se que restem menos de 6 mil cédulas a serem contadas.
Só que o ritmo de contagem dos votos nesses três Estados anda bastante lento, e mesmo conclusão da Geórgia não seria suficiente para definir sozinha a eleição presidencial.
Cenário de vitória de Trump
Por exclusão, para se reeleger, o presidente americano precisa obrigatoriamente vencer na Pensilvânia e também em 3 dos 4 Estados com disputa em aberto.
Para isso,Trump precisaria retomar a vantagem que tem na Geórgia e na Pensilvânia e virar o jogo no Arizona ou em Nevada.
Outro caminho para a reeleição do republicano é sair vitorioso de sua ofensiva judicial contra a apuração de votos enviados por correio, modalidade ampliada em razão da pandemia de coronavírus.
Além do plano de pedir a recontagem dos votos onde a lei permitir, o mandatário foi à Justiça para tentar descartar votos a favor de seu adversário.
Em discurso e tuítes, Trump fala, sem provas, de fraudes na apuração e pede a paralisação da contagem porque se considera vencedor. "É incrível como os votos pelo correio são tão de um lado só", diz ele, sobre como Biden tem obtido muito mais votos na reta final da contagem, concentrada nas cédulas enviadas por correio.
Curiosamente, apoiadores de Trump cobram que a apuração seja interrompida nos Estados onde ele está ganhando e que ela continue nos Estados onde ele está perdendo, mas ainda pode virar o jogo.
Em reação, alguns membros do próprio partido Republicano começam a criticar publicamente as alegações sem provas de seu representante.
Cenário de empate: Biden ganha na Geórgia e Trump no restante
Há, por fim, a possibilidade de empate no Colégio Eleitoral, que tem um número par de votos em disputa: 538.
Se Trump vencer no Arizona, em Nevada, na Carolina do Norte e na Pensilvânia, o resultado ficaria empatado em 269 a 269.
Caso isso ocorra, a Constituição americana determina que a escolha do presidente fique a cargo da Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados brasileira) e a escolha do vice-presidente, a cargo do Senado.
Só que, nessa votação, o que conta é cada uma das 50 bancadas estaduais, e não o voto individual de cada congressista.
Para ser eleito, então, um candidato precisaria obter 26 votos, o que corresponde à metade do número de Estados mais um.
Analistas consideram que, se a situação chegar a esse cenário, é provável que o vencedor seja Trump, já que os republicanos contam com maioria de bancadas estaduais na Câmara dos Representantes.
Se as eleições resultarem em um empate no Colégio Eleitoral, podem-se esperar semanas ou meses de recontagem de votos e batalhas judiciais.