Apesar dos apelos e pressão diplomática do governo do México e até mesmo do Departamento de Estado, um cidadão mexicano foi executado na noite dessa quarta-feira no Estado do Texas, nos Estados Unidos, de acordo com informações da agência AP.
Edgar Tamayo, 46 anos, recebeu a injeção letal pelo assassinato de um policial em Houston há 20 anos. O prisioneiro, que não quis fazer uma última declaração, foi declarado morto às 21h32 do horário local, 17 minutos depois de receber a dose letal. Como é praxe no Estado, familiares da vítima (Guy Gaddis, na época com 24 anos), como a mãe e dois irmãos, testemunharam a execução.
Tribunais americanos rejeitaram as últimas apelações para suspender a execução da sentença, e autoridades texanas não aceitaram o argumento de que a condenação, com a pena de morte, foi ilegal, pois o detento não fora informado na época da prisão de que poderia pedir ajuda jurídica do consulado mexicano, baseada em um acordo internacional.
Seus advogados também tentaram, sem sucesso, alegar que Tamayo era mentalmente incapaz, o que impossibilitaria a sua execução, e que os procedimentos de clemência do Estado não foram justos.
Foi a primeira execução do ano no Estado que mais aplica a pena de morte do país. O policial Guy Gaddis conduzia Tamayo e outro homem de um local de roubo quando aconteceu o crime. Evidências apontam que o oficial foi atingido três vezes na cabeça e no pescoço por uma pistola que o mexicano havia escondido em sua calça. O carro bateu, e Tamayo fugiu a pé, mas foi capturado poucos metros depois, ainda de algemas, carregando o relógio e colar da vítima.
Departamento de Estado e governo mexicano apelam
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, pediu ao procurador-geral do Texas, Greg Abbott, que adiasse a execução, dizendo que isso “poderia impactar o modo como cidadãos americanos são tratados em outros países”. O pedido, no entanto, foi negado. Pelo menos outros dois detentos em circunstâncias similares a de Tamayo foram executados no Estado nos últimos anos.
Em comunicado, o governo mexicano afirmou durante a semana que se opunha fortemente à execução e declarou que a falta de uma revisão no caso do mexicano e consequente reconsideração da sentença seriam uma “clara violação pelos Estados Unidos de suas obrigações internacionais”.
Tamayo estava entre os quase 50 mexicanos no “corredor da morte” nos Estados Unidos quando o Tribunal Internacional da Haia determinou, em 2004, que eles não foram orientados adequadamente sobre seus direitos. A Suprema Corte americana, então, afirmou que novas audiências sobre os casos desses detentos só seriam realizadas caso o Congresso implementasse essa legislação, o que não aconteceu.