EUA: atriz de seriado lembra quando a família foi deportada

23 nov 2014 - 18h38
(atualizado em 24/11/2014 às 11h18)
<p>Diane Guerrero, da série <em>Orange is the New Black</em></p>
Diane Guerrero, da série Orange is the New Black
Foto: Reuters

Meses antes de o presidente americano, Barack Obama, anunciar sua ampla reforma de imigração, a atriz Diane Guerrero (da série Orange is the New Black) estava escrevendo um texto sobre como a política de deportação dos Estados Unidos afetou sua vida.

Sua emocionante história foi publicada no jornal Los Angeles Times pouco antes do anúncio de Obama, e lhe deu notoriedade nessa área.

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Em entrevista à BBC, Diane conta que nos rascunhos de seu texto não havia quase nenhuma passagem de sua vida pessoal.

"Por um longo período da minha vida, eu evitei falar disso", afirmou a atriz. "Na verdade, acho que eu venho evitando esse assunto por toda a minha vida, porque é muito difícil relembrar tudo o que aconteceu."

Sua dor começou quando ela tinha 14 anos e, ao voltar da escola, não encontrou ninguém em casa.

"Quando cheguei da aula, minha casa estava vazia. As luzes estavam acesas e o jantar estava na panela, mas ninguém da minha família estava lá. Os vizinhos vieram me dizer que meus pais e meu irmão mais velho haviam sido levados por agentes da Imigração. E, do nada, minha estável vida familiar chegou ao fim", escreveu a atriz no Los Angeles Times.

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E continua: "Ninguém no governo, nenhuma pessoa sequer, veio ver se eu tinha onde morar ou se eu tinha comida para me alimentar. E então, aos 14 anos, eu estava basicamente sozinha."

Sobrinha presa

Ela conta que teve a sorte poder viver com os pais de amigos após a deportação de seus pais para a Colômbia.

Mas deixa claro que muitos crianças e jovens separados de suas famílias têm histórias bem diferentes – inclusive em sua própria família.

Quando seu irmão mais velho foi deportado, ele teve de deixar para trás sua filha, que na época era uma criança. "Minha sobrinha ainda tinha a sua mãe aqui. Mas ao crescer apenas com um dos pais, ela teve de enfrentar muitos desafios e acabou tomando decisões erradas em sua vida. E acabou sendo presa", escreveu a atriz.

"Acho que a vida dela poderia ter sido diferente e o pai e os avós dela estivessem por perto para ajudar a guiá-la e apoiá-la."

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Repercussão

A atriz conta que recebeu milhares de comentários e respostas após a publicação de seu texto, tanto positivos quando negativos.

A maioria dos elogios veio, segundo ela, de pessoas que têm passados semelhantes. Já as críticas partiram especialmente de leitores ressaltando que seus pais eram ilegais no país e por isso ela deveria culpa-los ao invés de criticar o governo.

Outros disseram que permitir que os pais da atriz ficassem nos Estados Unidos seria injusto com os que lutam para entrar no país legalmente.

A atriz trabalha como embaixadora do Immigrant Legal Resource Center, um instituto que fornece treinamento jurídico e educação para organizações que defendem imigrantes.

'Saiam das sombras'

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Na noite de quinta-feira, Obama desafiou o Congresso e anunciou em pronunciamento na TV a maior reforma no sistema de imigração da história recente dos Estados Unidos.

As mudanças atingem cerca de 5 milhões de pessoas que hoje vivem ilegalmente no país e que poderiam ser, a qualquer momento, deportadas do país.

"Saiam das sombras e fiquem dentro da lei", afirmou o presidente americano, em um discurso classificado como assertivo por analistas.

Opositores republicanos afirmaram que Obama não tem "autoridade" para colocar em prática as medidas sem a aprovação do Congresso.

Atualmente, cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais vivem ilegalmente nos Estados Unidos. Neste ano, uma crise eclodiu quando foi noticiado que crianças que cruzavam a fronteira poderiam ser deportadas.

A maioria dos afetados pelas medidas de Obama são pais de crianças que já são cidadãos americanos ou residentes legais.

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