O senador de origem cubana Ted Cruz deu nesta segunda-feira o pontapé inicial da corrida para suceder Barack Obama, ao lançar sua candidatura à eleição presidencial de 2016 apelando em um discurso aos eleitores mais conservadores.
"Acredito no poder de milhões de valentes conservadores unindo-se para recuperar a promessa dos Estados Unidos. Por isso anuncio que serei candidato a presidente dos Estados Unidos", disse Cruz, um advogado de 44 anos e figura de destaque do movimento direitista Tea Party no Partido Republicano. "É um momento para a verdade, é um momento para a liberdade. É um momento para recuperar nossa Constituição", proclamou.
Em um discurso pronunciado na ultraconservadora universidade batista Liberty, no estado da Virgínia, Cruz defendeu a liberdade religiosa, menos impostos e o fim do sistema de saúde privada subsidiado, impulsionado por Obama e conhecido como "Obamacare". "Imaginem em 2017 um novo presidente assinando uma legislação que rejeite cada palavra do Obamacare", disse Cruz, provocando aplausos no auditório universitário.
Cruz também se manifestou em favor de abolir o IRS (Internal Revenue Service), o serviço de arrecadação. "Em vez de um código de impostos que esmaga a inovação e que pressiona as famílias, imaginem um simples imposto único", propôs.
Na linha geral com o discurso conservador americano, Cruz propôs um governo que "não tente abolir nossas munições" e que "proteja o direito de ter e portar armas para os cidadãos que respeitarem a lei".
Cruz também propôs um governo que "trabalhe para defender a santidade da vida humana e que sustente o sacramento do casamento", em uma evidente referência ao aborto e às propostas sobre casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Em seu discurso de pouco mais de 20 minutos, Cruz fez rápidas menções as suas ideias sobre política externa. Neste sentido, defendeu um governo "que permaneça, sem pedir desculpas a ninguém, ao lado da nação de Israel". Também pediu aos seus interlocutores que imaginem um governo que "em nenhuma circunstância permita que o Irã adquira armas nucleares".
Pouco antes do discurso, Cruz havia adiantado na rede social Twitter sua decisão de lançar sua candidatura presidencial, e também divulgou vídeos na rede social YouTube.
Desta forma, ao colocar seu nome no ringue, Cruz deu o pontapé inicial às campanhas para as eleições presidenciais do próximo ano, surpreendendo como o primeiro candidato oficial da corrida à Casa Branca.
Cruz decidiu pular um passo tradicional entre políticos americanos, o da criação de comitês exploratórios, e decidiu diretamente iniciar a campanha, o que também implica o início da arrecadação de dinheiro.
A candidatura de Cruz busca se consolidar como a opção preferencial dos setores mais conservadores do partido Republicano, mas nesta disputa por espaço precisará enfrentar outros candidatos igualmente fortes.
Entre eles destacam-se o governador do Wisconsin, Scott Walker, e o ex-governador do Arkansas, Mike Huckabee. Entre os republicanos menos radicais se destacam o ex-governador da Flórida Jeb Bush e o governador de Nova Jersey Chris Christie.
Uma pesquisa informal realizada em fevereiro durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), o grande encontro anual da ala direitista do partido Republicano, colocou Cruz na terceira posição para as eleições presidenciais de 2016, com 11,5%, atrás do senador do Kentucky (centro-leste) Rand Paul e do governador Walker.
Apesar de seu sobrenome e de ser filho de um exilado cubano, Cruz não fala espanhol (em uma entrevista disse que foi criado falando "spanglish") e um vídeo lançado nesta segunda-feira dirigido à comunidade latina é dublado com a voz de um locutor profissional.
Cruz nasceu em Calgary, Canadá, de mãe americana, mas desde muito jovem se instalou no Texas, onde passou toda a sua vida. De acordo com ele, embora tenha nascido no Canadá, herdou a nacionalidade de sua mãe e, portanto, é um americano de nascimento, como exige a Constituição para ocupar o cargo de presidente. Como precaução, renunciou em 2013 a sua nacionalidade canadense.