EUA limitam ataques de drones no Paquistão por pedido de Islamabad

5 fev 2014 - 06h05

Os Estados Unidos decidiram limitar de forma repentina os ataques com aviões não tripulados (drones) no Paquistão, pelo menos até o fim das conversas de paz do governo paquistanês com os talibãs, após o pedido de Islamabad, explicaram nesta quarta-feira fontes oficiais americanas ao jornal The Washington Post.

"Isto é o que eles nos pediram e nós não dissemos não", disse uma das fontes, que ressaltou que isso não significa que o governo dos EUA tenha decidido deixar de usar os polêmicos drones em sua luta contra a Al Qaeda nesse país e em outros.

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A informação revelada pelo jornal americano chega um dia depois que vazou a informação de que janeiro foi o primeiro mês em mais de dois anos sem nenhum ataque de drones no Paquistão, segundo dados do Escritório de Jornalismo de Investigação (TBIJ, sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos sediada em Londres que contabiliza os ataques dessas aeronaves americanas.

O último ataque com os aviões não tripulados em território paquistanês, no qual morreram três pessoas, aconteceu no dia 25 de dezembro, contabilizando um total de 330 ataques com essas aeronaves desde que Barack Obama assumiu a Presidência dos Estados Unidos.

Com sua chegada à Casa Branca em 2009, os drones se transformaram em uma arma constantemente utilizada em território paquistanês, onde os EUA travam uma guerra não declarada contra grupos extremistas com o consentimento do governo do país asiático.

O fato de que os EUA tenham decidido atender aos pedidos de Islamabad de limitar temporariamente o uso dos drones para não interferir em suas negociações com os talibãs não está inserido em nenhum tipo de acordo oficial, segundo as fontes citadas pelo Washington Post. "As negociações com os talibãs paquistaneses são um assunto interno do Paquistão", afirmaram as fontes.

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A primeira reunião de paz entre emissários do governo paquistanês e do maior grupo talibã do país, Tehrik-e-Taliban Pakistan (TTP), prevista para ontem, foi cancelada por divergências em relação ao grupo que representa os insurgentes.

A restrição do uso de drones no Paquistão poderia render a Obama uma nova onda de críticas, principalmente entre os políticos republicanos, que já se opuseram às mudanças introduzidas pelo presidente em maio do ano passado para a utilização dos aviões não tripulados somente contra alvos da Al Qaeda e sempre que houver certeza suficiente de que não haverá vítimas civis.

No Paquistão, entre 416 e 951 civis morreram de um total de 3.646 mortes em 381 ataques desde 2004, segundo dados do TBIJ. A maioria dos ataques são feitos clandestinamente pela Agência Central de Inteligência (CIA, sigla em inglês), que ocultou detalhes sobre os alvos e possíveis "efeitos colaterais".

No entanto, desde 2011 a CIA reduziu seu papel à frente dos ataques seletivos, devido às críticas do Paquistão, que aumentou queixas após a missão que resultou na morte de Osama bin Laden em maio daquele ano em seu território e após um ataque equivocado contra uma guarnição de soldados paquistaneses perto da fronteira com o Afeganistão.

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