O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acredita na missão no Afeganistão e na derrota da Al-Qaeda, disse nesta quarta-feira um porta-voz da Casa Branca, rebatendo as afirmações do ex-secretário de Defesa Robert Gates, que em seu livro de memórias diz que o líder não acreditou desde o princípio na operação militar.
"É bem sabido que o presidente se comprometeu com a conquista da missão de desbaratar, desmantelar e derrotar a Al-Qaeda e ao mesmo tempo garantir que tenhamos um caminho limpo para acabar com a guerra, que terminará este ano", deixou claro o porta-voz, Jay Carney, em sua entrevista coletiva diária.
Gates, o último secretário de Defesa na administração do presidente republicano George W. Bush, e que continuou no cargo com Obama até junho de 2011, relata no livro que o novo presidente não acreditava em sua própria estratégia para o Afeganistão e desconfiava dos conselhos de seus assessores militares.
O porta-voz do governo replicou nesta quarta-feira que a missão também incluía a definição de uma política que enfocasse o fim da guerra, "porque uma guerra sem fim não é a em que o presidente acredita", esclareceu.
Após a divulgação ontem das memórias, nas quais Gates também critica duramente o trabalho de política externa e de segurança realizado pelo atual vice-presidente, Joe Biden, a Casa Branca emitiu um comunicado rebatendo os comentários do ex-chefe do Pentágono.
Carney insistiu: "O presidente acredita totalmente na missão. Sabe que é difícil, mas ele crê que nossos homens e mulheres uniformizados, assim como os civis no Afeganistão que estão trabalhando neste tema têm uma incumbência admirável e heroico nessa missão, que estão trabalhando atualmente".
Gates, cujo livro Duty: Memoirs of a Secretary at War (ainda sem edição em português, Dever: Memórias de um secretário de Defesa em Guerra, em tradução livre) será lançado na próxima terça, 14 de janeiro, surpreende ao afirmar ao final do livro que acredita que Obama "fez o correto em cada uma das decisões" que tomou no Afeganistão, o que foi destacado hoje pelo porta-voz da Casa Branca.
Os Estados Unidos negociaram com Cabul um acordo militar para a permanência de tropas americanas no país asiático assim que terminar a missão da Otan no Afeganistão (Isaf) em 2014.
A Loya Jorga - Assembleia tradicional - aprovou mês passado o acordo, mas o presidente afegão, Hamid Karzai, se nega a assinar o pacto até a realização das eleições gerais deste ano, enquanto os Estados Unidos querem que termine o mais rápido possível.
A minuta do pacto prevê a presença no país de entre 10 mil e 15 mil soldados americanos de 2015 até 2024.