Uma lesão nas costas, que teria mudado a vida de Luigi Mangione, pode ter sido o fator que o colocou no caminho que culminou, supostamente, no assassinato do CEO da UnitedHeathcare, Brian Thompson. É o que indicam as investigações, segundo afirmou o chefe de detetives do Departamento de Polícia de NY, Joseph Kenny, em entrevista exclusiva à NBC, nesta quinta-feira, 12.
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"Parece que ele sofreu um acidente que o fez ir ao pronto-socorro em julho de 2023, e que foi uma lesão que mudou sua vida", disse o agente.
"Ele postou raios-X de parafusos sendo inseridos em sua coluna. Então a lesão que ele sofreu foi uma lesão que mudou sua vida, que alterou sua vida, e é isso que pode tê-lo colocado neste caminho”, complementou.
Ainda de acordo com a polícia dos EUA, “não há indícios” de que ele tenha sido cliente da UnitedHeathcare e que ele poderia ter mirado na corporação por ser uma das maiores organizações de saúde da América.
Além disso, em supostos escritos que a polícia teve acesso, Mangione teria escrito sobre querer usar uma arma para atingir um CEO de uma grande corporação em uma conferência. “O que você faz? Você espanca o CEO na convenção anual de contadores de feijão parasitas. É direcionado, preciso e não arrisca inocentes", estava escrito em um caderno que pode pertencer a ele.
“Ele tinha conhecimento prévio de que a conferência aconteceria naquela data, naquele local."
O crime aconteceu no último dia 4, em frente a um hotel de Nova York. O atirador conseguiu fugir após o crime, mas teve a imagem capturada por câmeras de segurança, iniciando uma intensa busca pelo responsável.
Com Mangione, foram encontrados uma arma semelhante à utilizada no crime, um silenciador, identidades falsas e um manifesto que criticava empresas de saúde por priorizarem lucros em detrimento do cuidado com os pacientes, conforme divulgado por Jessica Tisch, supervisora da polícia de Nova York.
A Polícia dos Estados Unidos divulgou na terça-feira, 10, novas fotos de Luigi Mangione que mostram o rapaz sentado dentro de uma unidade da McDonald's, em Altoona, na Pensilvânia, comendo, antes de ser preso no dia 9.
Crítico aos lucros
Luigi Mangione, de 26 anos, suspeito de assassinar o CEO da UnitedHeathcare, tinha grandes críticas a empresas norte-americanas fornecedoras de planos de saúde. Segundo um manifesto escrito por ele, divulgado pelo jornal The New York Post, o setor só se importa em conseguir “lucros imensos” às custas da população.
Segundo o jornal, o rapaz escreveu um manifesto com mais de duas páginas e endereçou as autoridades. O documento foi recuperado pelos investigadores após a prisão dele na última segunda-feira, 9.
“A realidade é que essas [empresas] se tornaram muito poderosas e continuam a abusar do nosso país para obter lucros imensos”, escreveu.
No texto, ele também pede desculpas por qualquer trauma que possa ter causado, mas que “isso tinha que ser feito”. “Francamente, esses parasitas simplesmente mereceram”, disse ele, que também lamenta que os EUA tenham o “sistema de saúde mais caro do mundo”.
Após a prisão de Mangione repercutir e sua identidade ter sido revelada, internautas rapidamente encontraram perfis que são supostamente dele em várias plataformas online. Alguns posts no X (antigo Twitter) chamaram a atenção. Entre eles, uma citação do livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, onde ele fazia críticas ao capitalismo e à burguesia.
Em uma outra publicação, desta vez no Goodreads, durante uma avaliação do livro A Sociedade Industrial e Seu Futuro, de Ted Kaczynski, ele criticou as grandes empresas. “[Elas] não ligam para você, seus filhos ou seus netos”.