A ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impondo restrições à entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana e proibindo a recepção de refugiados sírios gerou críticas e protestos no mundo inteiro.
Os senadores republicanos John McCain e Lindsey Graham, por exemplo, disseram em uma declaração conjunta que "esta ordem executiva manda um sinal, intencional ou não, de que os EUA não querem que os muçulmanos venham ao nosso país".
"É por isso que tememos que esta ordem executiva possa acabar ajudando mais no recrutamento de terroristas do que para melhorar a nossa segurança", afirmaram os senadores.
Outros políticos, tanto republicanos como democratas, disseram que ela seria "um desrespeito aos valores americanos" e à Constituição do país.
Mas o decreto do presidente também recebeu apoio entusiasmado de setores de peso, como a liderança do Congresso, agora nas mãos dos republicanos.
Tanto o presidente da Câmara, o deputado republicano Paul Ryan, como o líder da maioria republicana do Senado, Mitch McConnell, apoiaram o decreto.
Ryan, que sempre criticava a proposta de Trump na campanha eleitoral de proibir a entrada de muçulmanos no país, agora foi um dos primeiros legisladores a expressar seu apoio à ordem executiva.
Quem entra nos EUA
"O presidente Trump está certo ao assegurar que estamos fazendo todo o possível para saber exatamente quem está entrando no nosso país", disse.
"Nossa responsabilidade número um é proteger o nosso território", afirmou.
"Somos um país que tem compaixão, e eu apoio o programa de admissão de refugiados, mas o momento é de reavaliar e reforçar o processo de verificação para concessão de vistos", acrescentou.
A ordem executiva de Trump, intitulada Proteger a nação da entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos, proíbe durante pelo menos 90 dias a entrada nos EUA de cidadãos do Irã, Iraque, Sìria, Sudão, Somália, Líbia e Iêmen.
Também suspende durante 120 dias o Programa de Admissão de Refugiados nos Estados Unidos e proíbe indefinidamente a entrada de refugiados sírios.
Mitch McConnell disse à rede de TV ABC apoiar o processo de escrutínio de refugiados, mas advertiu que o governo deve "ser cauteloso" para não criar restrições "muito amplas".
"Se o que se busca é reforçar o processo de checagem (de refugiados)... quem vai se opor a isso?", disse. "Mas eu me oponho a testes de religião. Os tribunais vão ter que determinar se isso não é amplo demais".
Perguntado se apoiaria a ordem executiva no Congresso, McConnell respondeu: "Veja, o presidente tem bastante liberdade para proteger o país. E eu não vou fazer uma crítica geral a este esforço".
Outros legisladores republicanos também manifestaram seu apoio.
O presidente do Comitê de Segurança Nacional da Câmara de Representantes, Michael McCaul, disse que "com apenas uma caneta, Trump está fazendo mais para fechar as rotas terroristas para este país do que fez a última administração em oito anos".
Apoio popular
O decreto também recebeu apoio de grupos conservadores como a Faith and Freedom Coalition, (Coalizão para a Fé e a Liberdade, em inglês), que a classificou como "uma medida totalmente prudente".
Ralph Reed, presidente da organização, disse ao jornal The Washington Post que estava na hora de "apertar o botão de pausa" nas políticas vigentes sobre imigração e refugiados.
A medida de Donald Trump também parece ter recebido apoio dos eleitores.
De acordo com o canal de TV Fox News, uma pesquisa realizada pela Universidade Quinnipiac, do Estado de Connecticut, mostrou que 48% dos americanos apoiam a ordem executiva que "suspende a imigração de regiões propensas ao terrorismo, inclusive se isso significa rejeitar refugiados".
Ainda segundo a Fox News, 42% foram contra a iniciativa de Trump.
A pesquisa também mostrou que 53% dos entrevistados (contra 41%) apoiam o registro de imigrantes de países muçulmanos nos órgãos do governo federal americano.
A BBC foi até Hazleton, na Pensilvânia, uma cidade que tinha tradição de votar em peso no Partido Democrata, mas que na última eleição votou no Republicano. Por lá, os eleitores estão satisfeitos com os primeiros 10 dias de governo Trump.
"Ele está cumprindo o que prometeu durante a campanha eleitoral. Está cumprindo uma a uma as suas promessas", diz Jen Sloot, que imigrou para os EUA em 1978.
"O mais importante é que ele está tornando o nosso país, nossas comunidades, nossas cidades, mais seguras. Roma não foi feita em um dia, então deve demorar um pouco", afirma Tony Columbo, que trabalha no setor de transportes.