O último adeus a Aretha Franklin

Velório da "rainha do soul" contou com a presença de personalidades da política e do meio artístico.

31 ago 2018 - 16h47
(atualizado às 16h56)

Aretha Franklin, considerada a "rainha do soul" e um dos maiores ícones da música de todos os tempos, foi velada em Detroit nesta sexta-feira (31). O velório contou com a presença de personalidades da política e do meio artístico. A cantora morreu em 16 de agosto, aos 76 anos.

O ex-presidente americano Bill Clinton entrou na igreja acompanhado de sua esposa, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, sob aplausos e permaneceu em silêncio ao lado do caixão aberto de Franklin, que usava um vestido dourado de lantejoulas e sapatos de salto.

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Num discurso em homenagem à cantora, o reverendo Al Sharpton lembrou o seu lado ativista e afirmou que Franklin criou a trilha sonora do movimento dos direitos civis. "Ela nos deu orgulho. Ela representa o melhor da nossa comunidade", destacou.

Velório de Aretha Franklin foi realizado em igreja em Detroit
Velório de Aretha Franklin foi realizado em igreja em Detroit
Foto: DW / Deutsche Welle

Sharpton leu ainda uma mensagem enviada pelo ex-presidente Barack Obama, que não pode comparecer ao velório. No texto, Obama afirma que, em sua música, a cantora "capturou alguns dos desejos humanos mais profundos, a afeição e o respeito".

A cerimônia também contou com a presença de artistas renomados da indústria da música como Ariana Grande, Jennifer Hudson, Faith Hill, Chaka Khan, Smokey Robinson e Stevie Wonders, entre outros, além dos ativistas dos direitos civis Jesse Jackson e Al Sharpton e do prefeito de Detroit, Mike Duggan.

No velório, Ariana Grande cantou um dos maiores hits de Franklin, (You make me feel like) A natural woman.

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O velório foi realizado na mesma igreja onde foi velada a ativista Rosa Parks. A cerimônia foi fechada ao público, mas uma multidão de fãs se reuniu do lado de fora, muitos deles vestidos em seus melhores trajes de igreja.

Após a cerimônia, o corpo será sepultado no Cemitério de Woodlawn, o mesmo onde estão vários membros da família. Franklin será enterrada num caixão feito de bronze sólido e banhado a ouro de 24 quilates, segundo o diário Detroit Free Press. Trata-se do mesmo estilo de caixão feito sob medida em que Michael Jackson e James Brown foram enterrados.

A cantora, que cantou nas cerimônias de posse dos ex-presidentes dos Estados Unidos Jimmy Carter, Barack Obama e Bill Clinton, além do funeral de Martin Luther King, lutava contra um câncer no pâncreas, e passou seus últimos momentos em sua casa em Detroit, cercada por amigos e familiares.

Rainha do soul

Filha de um pastor batista, a cantora nasceu em Memphis, Tennessee, e cresceu em Detroit. Seu pai era respeitado como um líder dos direitos civis e ativista do "orgulho negro".

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A música gospel que Aretha ouvia na igreja tornou-se a base de sua formação. Com uma voz poderosa e emotiva, ela integrou a vanguarda da música soul na década de 1960, junto a nomes como Otis Redding, Sam Cooke e Wilson Pickett.

Premiada com 18 Grammys e 25 discos de ouro ao longo da carreira, Aretha Franklin foi a primeira mulher a entrar para o Hall da Fama do Rock e foi nomeada em 2010 pela revista Rolling Stone a cantora número um da era do rock.

O auge de Aretha Franklin foi do início dos anos 1970, quando ela dominou as paradas musicais com sucessos como I never loved a man (the way I love you), Baby, I love you, Chain of fools, Think, (You make me feel like) A natural woman, Do-right woman, além do clássico Respect, sua marca maior.

"Quando cantava Respect, seu hit máximo escrito por Otis Redding, não se tratava apenas de uma mulher querendo ser saudada pelo marido chegando do trabalho: era uma demanda por equidade e liberdade, um prenúncio do feminismo, carregado por uma voz que não aceitaria menos que isso", escreve o jornal The New York Times.

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Após alguns anos longe dos holofotes, Aretha Franklin viveu um renascimento em meados da década de 1980 com canções como Freeway of love, um dueto com George Michael chamado I knew you were waiting (for me), Sisters are doin' it for themselves, Who's zoomin' who? e uma versão de Jumpin' Jack Flash, dos Rolling Stones.

Sua última apresentação foi em um concerto em Nova York da Fundação Elton John para luta contra a aids, em novembro de 2017.

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