Obama diz estar pronto para realizar ataques no Iraque

Presidente dos EUA fez um apelo às autoridades iraquianas para deixarem de lado suas diferenças e unirem-se para encontrar uma solução política à crise

19 jun 2014 - 15h45
(atualizado em 20/6/2014 às 01h31)
<p>Obama disse que as forças norte-americanas não vão retornar ao combate no Iraque</p>
Obama disse que as forças norte-americanas não vão retornar ao combate no Iraque
Foto: Reuters

O presidente Barack Obama afirmou nesta quinta-feira que os Estados Unidos estão prontos para adotar uma ação dirigida e com objetivo militar concreto no Iraque, se necessário, em função do avanço dos jihadistas sunitas. As declarações do presidente foram feitas depois de uma reunião com sua equipe de segurança nacional.

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De acordo com Obama, Washington, que já aumentou sua capacidade de inteligência no país, está preparado para enviar 300 assessores militares para estudar como ajudar as forças iraquianas em termos de treinamento e equipamento.

As equipes militares americanas poderão organizar centros operacionais em Bagdá e perto de Mossul, cidade do norte do Iraque em poder de extremistas rebeldes desde o final de semana passado, sugeriu o presidente. "Avançando, nos prepararemos para empreender ações militares contra um objetivo militar concreto', se necessário, afirmou Obama.

O presidente considerou que será bom para os Estados Unidos intervir no Iraque, caso ajude a evitar que os combatentes jihadistas do movimento Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) estabeleçam bases que eventualmente ameacem o Ocidente.

No entanto, ele insistiu várias vezes que as tropas americanas não voltarão a combater no Iraque, dois anos e meio depois da retirada militar desse país. "Estamos preparados para enviar um pequeno número adicional de assessores militares americanos, até 300, para treinar, assessorar e apoiar as forças de segurança iraquianas", explicou Obama.

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A porta-voz do departamento americano de Estado Jen Psaki anunciou que o EIIL tomou uma das fábricas de armas químicas do extinto regime de Sadam Hussein, mas Washington não acredita que o material no local sirva à propósitos militares.

Obama anunciou que no próximo final de semana enviará o secretário de Estado americano, John Kerry, à Europa e ao Oriente Médio para realizar consultas com os aliados dos Estados Unidos sobre como abordar a crise iraquiana.

O presidente voltou a advertir que apenas uma liderança não-sectária, ou seja, que não apoie divisões religiosas, poderá resgatar o Iraque da atual situação, em uma crítica implícita ao atual primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki. O presidente insistiu que os dirigentes iraquianos devem incluir todas as comunidades de todas as confissões que integram o país.

Neste sentido, Obama pediu ao Irã - de maioria xiita e também disposto a ajudar na crise iraquiana - que envie uma mensagem ao Iraque contra o conflito religioso. "O Irã pode ter um papel construtivo se enviar a mesma mensagem que nós ao governo do Iraque: que os iraquianos podem viver juntos" com uma integração das comunidades sunitas, xiitas e curdas, afirmou o presidente.

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"Se o Irã intervir militarmente apenas em nome dos xiitas, a situação provavelmente vai piorar". Em uma conversa por telefone com Maliki, o vice-presidente americano Joe Biden aconselhou que o premiê iraquiano "governe incluindo todas as comunidades". O ex-chefe das forças armadas no Iraque, David Petraeus, também foi crítico.

"Os Estados Unidos não podem se tornar uma força aérea das milícias xiitas ou de um xiita em sua luta contra os árabes sunitas", enfatizou, aludindo a Maliki. Já os países da Conferência de Cooperação Islâmica (OCI) ressaltaram nesta quinta sua disposição em "combater políticas sectárias e excludentes", ao fim de uma reunião na cidade saudita de Jidá.

Em um comunicado, a OCI afirma que seus integrantes estão "dispostos, juntos, a lutar contra as políticas sectárias e de exclusão", sem mencionar o Iraque, onde consideram que a política do governo, acusado de marginalizar os sunitas, estimula o avanço dos jihadistas.

Nesta quinta, o premiê iraquiano convocou os reservistas para reforçar a ofensiva contra os insurgentes sunitas que assumiram o controle de partes importantes do país.

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"Oficiais até a patente de generais da brigada foram transferidos para unidades correspondentes a sua especialização", indicou um comunicado oficial. A mobilização diz respeito a um número desconhecido de oficiais que continuam fazendo parte das forças de segurança, mas que não estão em serviço ativo.

Os oficiais serão submetidos a um período de teste de três meses e os que não forem considerados aptos serão descartados. Por outro lado, o Exército iraquiano conseguiu recuperar nesta quinta-feira o controle da principal refinaria de petróleo do país, depois de combates contra os insurgentes sunitas que tentavam tomar o local.

"As forças de segurança controlam completamente a refinaria de Baiji", 200 km ao norte de Bagdá, afirmou o general Qasem Ata, porta-voz do primeiro-ministro Nuri al-Maliki para questões de segurança.

Um funcionário da refinaria também declarou que os insurgentes deixaram o local. Testemunhas confirmaram a informação. Os insurgentes sunitas haviam atacado a refinaria na quarta-feira e chegaram a entrar no local.

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A localidade de Baiji fica perto de Tikrit, capital da província de Saladino, que foi tomada pelos insurgentes liderados pelos jihadistas do EIIL na semana passada, após o início de uma ofensiva em 9 de junho. A refinaria de Baiji fornece petróleo a todas as províncias iraquianas e sua produção está avaliada em 600.000 barris diários.

Foto: Arte Terra

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