O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez nesta quinta-feira a primeira de uma série de visitas a cidadãos que lhe escreveram cartas, uma nova campanha que procura colocar um rosto nas dificuldades da classe média que o líder garante tentar enfrentar com propostas legislativas que estão estagnadas no Congresso.
Toda noite Obama lê 10 cartas de cidadãos de todos os pontos do país, que foram cuidadosamente selecionadas pelo Escritório de Correspondência Presidencial entre milhares de mensagens de americanos. Uma delas é a de Rebekah Erler, 36 anos, mãe de duas crianças que vivem em Mineápolis (Minnesota) e que escreveu recentemente para Obama para contar sobre as dificuldades econômicas que sua família enfrenta desde que a empresa de construção de seu marido fechou em consequência da crise no mercado imobiliário.
Além de respondê-la por escrito, Obama viajou nesta quinta-feira a Mineápolis para almoçar com Rebekah, na primeira de uma série de visitas previstas durante o verão americano que a Casa Branca descreve como "um dia na vida" de cada um dos cidadãos que enviam cartas ao presidente.
"Ela me escreveu explicando que seu marido e ela fizeram todo o possível, que estão trabalhando duro e criando duas crianças, que a família tem uma boa-vida, mas é uma luta constante, e se perguntava se alguém em Washington tinha ideia disso", disse Obama em um encontro com um grupo de cidadãos em Mineápolis depois de visitar Rebekah. "Falamos de muitas coisas, como o crescente custo de levar as crianças às creches e o fato de que os salários não sobem no mesmo ritmo do custo de vida", explicou o líder.
A Casa Branca assegurou que a história de Rebekah, que continua tendo dificuldades para chegar ao fim de mês apesar de tanto ela como seu marido terem encontrado trabalho, "representa a de milhões de americanos". "Nosso objetivo é dar ao presidente uma oportunidade autêntica de ver pelo menos parte do mundo através dos olhos desta mãe trabalhadora em Minnesota. E é uma oportunidade que, como presidente fechado na Casa Branca ou na limusine presidencial, não costuma ver", declarou a jornalistas o porta-voz de Obama, Josh Earnest.
Um dos principais assessores de Obama, Dan Pfeiffer, explicou a nova campanha nesta semana em um e-mail enviado a simpatizantes do presidente. "Neste verão, o presidente se reunirá com pessoas que lhe escreveram para compartilhar como são suas vidas. Viajará para comunidades em todo o país, se sentando em restaurantes e visitando cozinhas para falar sobre os assuntos que os interessam", detalhou Pfeiffer.
No entanto, a Casa Branca não esconde que as visitas são também uma conveniente oportunidade para que o presidente arrecade fundos para candidatos democratas de olho nas eleições legislativas de novembro, nas quais os democratas correm o risco de perder o controle do Senado.
Depois da agenda em Mineápolis, o presidente participaria de um ato de arrecadação de fundos para o Comitê Democrata de Campanhas do Congresso (DCCC) na mesma cidade. "Não quero sugerir que o presidente se isolou do fato de que há eleições dentro de cinco meses, e quer fazer todo o possível para ajudar os democratas. Mas também está comprometido a trabalhar de forma bipartidária para fazer avanços onde pudermos", comentou Earnest.
Entre os temas que discutiu nesta quinta-feira na sessão de perguntas e respostas com cidadãos de Mineápolis estava a vontade de elevar o salário mínimo em nível nacional e o plano para equiparar os salários entre homens e mulheres, duas iniciativas estratégicas de seu segundo mandato que permanecem estagnadas no Congresso. "Nem sempre vamos poder fazer as coisas rápido, porque temos um Congresso que não funciona. Mas não quero que pensem que não estou lutando por vocês", ressaltou Obama no encontro.