Pense rápido: qual presidente americano já fez guerra em sete países muçulmanos? A resposta certa é Barack Hussein Obama. O que assusta é que grande parte das pessoas (até mesmo seus eleitores) pensavam que ele fosse fazer o oposto de seu antecessor, George W. Bush, bastante criticado pela invasão ao Iraque e as prisões de Guantánamo e Abu Ghraib. As informações são da CNN.
Apesar de bater de frente com algumas ações de Bush e ser esperado como um candidato diferente, em julho de 2009, em seu primeiro ano de mandato, o afro-americano entregou que iria confrontar os extremistas islâmicos em um discurso feito no Cairo, Egito. “Porque rejeitamos aquilo que todas as fés rejeitam: a matança de homens, mulheres e crianças inocentes. E o meu primeiro dever, como presidente, é proteger o povo americano”.
Desta maneira, ele teria deixado um recado, pouco lembrado, mas que explicaria o que vemos hoje: Obama foi um dos presidentes americanos mais militarmente agressivos das últimas décadas, autorizando operações de vários tipos em sete países muçulmanos: Afeganistão, Iraque, Líbia, Paquistão, Somália, Iêmen e, agora, Síria.
O irônico é que ele recebeu o Nobel da Paz, em 2009, o que demonstra que os jurados que o agraciaram com o prêmio podem ter confundindo a oposição de Obama à guerra do Iraque, com sua oposição à guerra em geral. Em Oslo, na entrega do prêmio, o presidente americano disse: “eu encaro o mundo como ele é, e não podemos ficar ociosos em face das ameaças ao povo americano. O mal existe no mundo e um movimento não violento não poderia ter detido os exércitos de Hitler, negociações não podem convencer os líderes da Al-Qaeda a entregar suas armas (...)”.
Na publicação da CNN, também são levantados números interessantes: Obama teve maior número em ataques de drones, além de contar, em seu currículo, com as mortes de Osama Bin Laden e Muamar Kadafi.
E ele não enfrenta protestos (nem internacionais), muito diferente de seu antecessor. Por quê? Pois o silêncio é, em parte, uma conquista hábil que a administração Obama conseguiu, ao criar uma coalizão árabe a seu dispor: Arábia Saudita, Qatar, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e Bahrein – todos estão juntos dos EUA em ataques aéreos, como vimos acontecer nesta terça-feira, na Síria.
Quer ver alguns números militares de Obama? Aí vai:
Obama confiou um aumento de três vezes no número de tropas americanas no Afeganistão: no final do governo Bush havia 30 mil soldados, hoje têm mais de 90 mil.
No governo de Bush houve 48 ataques de drones no Paquistão. Nas mãos de Obama, aconteceram 328, matando dezenas de comandantes da Al-Qaeda, de acordo com uma contagem pela organização “New America”.
No governo Bush houve apenas uma ataque de drone feito pela CIA no Iêmen. Com Obama, houve 99 ataques de drones e 15 ataques aéreos, que mataram mais de três dezenas de pessoas.
Obama também é o primeiro presidente americano a autorizar o assassinato de um cidadão dos Estados Unidos, o comandante operacional da Al-Qaeda do estado do Novo México - Anwar al-Awlaki-, que foi morto no Iêmen em um ataque em 2011.
Foi também em 2011, que Barack Obama iniciou uma aliança que derrubou o ex-ditador líbio, Muamar Kadafi.
Tais números demostram características de um presidente que se sente confortável com o estilo de poder duro americano, mesmo ao atacar um país como a Síria, onde lançou uma guerra sem autorizações específicas internacionais ou do Congresso – as quais outros presidentes têm procurado obedecer desde a Segunda Guerra Mundial.