Obama promete reforma migratória 'sem Congresso'

Presidente diz que não vai esperar Câmara votar projeto aprovado no Senado no ano passado e pede autorização para acelerar deportações

30 jun 2014 - 21h41
<p>Obama quer fortalecer as fronteiras americanas</p>
Obama quer fortalecer as fronteiras americanas
Foto: AP

O presidente americano Barack Obama prometeu nesta segunda-feira que trabalhará por conta própria na reforma migratória dos Estados Unidos, sem depender do Legislativo.

Ele anunciou que sua equipe irá começar "um novo esforço para corrigir ao máximo o sistema de imigração, sem o Congresso" e que as propostas da equipe deverão ser entregues ao presidente até setembro.

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O anúncio veio uma semana depois do presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, dizer que a casa não votará o projeto neste ano.

"Um ano atrás, neste mês, os senadores dos dois partidos se reuniram para aprovar uma lei de imigração comum. Esse projeto de lei iria fortalecer nossas fronteiras, ajudar a nossa economia a crescer e encolher os nossos déficits. Por mais de um ano, os republicanos da Câmara se recusaram a realizar uma votação", disse o presidente americano.

O presidente anunciou também a transferência de recursos para fortalecer as fronteiras americanas com o México, onde houve um aumento drástico no número de crianças tentanto entrar ilegalmente no país.

Entre outubro de 2013 a 15 de junho passado, 52 mil crianças desacompanhadas tentaram entrar no país pela fronteira com o México, segundo o Departamento de Segurança Nacional.

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Obama descreveu a situação como "crise humanitária", e que ele não poderia "ficar parado e não fazer nada".

O presidente enviou uma carta ao Congresso pedindo autorização para acelerar deportações dessas crianças "ilegais". A carta irritou ativistas por direitos de imigrantes, que já vinham criticando o presidente pelo que sua posição pouco felxível em relação aos imigrantes que entram ilegalmente no país.

Imigração legal

O projeto de lei aprovado no Senado no ano passado incluia uma chance de concessão de cidadania a 11 milhões de imigrantes não documentados, bilhões de dólares de novos fundos para segurança das fronteiras e um esquema de vistos especiais para empreendedores estrangeiros.

A transferência de recursos para as fronteiras representa um endurecimento nas deportações dos que recentemente entraram ilegalmente no país ou que são considerados perigosos.

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Além do envio de pessoal adicional para ajudar na fiscalização e controle, Obama disse que orientou o secretário de Segurança Nacional e o Promotor Geral do país a apresentarem recomendações que ele, como presidente, possa seguir para melhorar o sistema de imigração.

Desde a primeira eleição de Obama, a reforma migratória é uma das prioridades do presidente americano.

"Ganhamos a liberdade deste país juntos. Nós construímos este país juntos. Defendemos este país juntos. Uma das coisas que faz este país grande é que nós somos uma nação de imigrantes", disse Obama nesta segunda-feira.

Contudo, o tema vem enfrentando forte resistência da oposição. No seu segundo mandato, o presidente esperava sancionar o projeto aprovado no Senado, mas este parou na Câmara dos Representantes.

Com uma agenda legislativa carregada de outras prioridades, o mesmo Boehner disse em 2013 que a Câmara dificilmente votaria o pacote naquele ano e rejeitou discutir com o Senado a legislação aprovada pela casa.

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Para aprovar o projeto, os republicanos querem que sejam beneficiados apenas os imigrantes que não tenham histórico criminal, paguem impostos atrasados e aprendam inglês, entre outros requisitos.

Os republicanos são maioria entre os deputados na Câmara dos Representantes e têm indicado sua preferência por votar a reforma migratória em partes, e não como um todo, como ocorreu no Senado.

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