O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reafirmou nesta sexta-feira seus compromissos para conseguir neste ano a reforma migratória e um aumento do salário mínimo, durante uma sessão de perguntas em um fórum da internet em que também falou sobre a espionagem da NSA e se derreteu em elogios para sua esposa, Michelle, e suas duas filhas.
Obama respondeu as perguntas de cidadãos anônimos em um fórum pela internet através da plataforma "Google+" e aproveitou para reforçar algumas das ideias defendidas em seu discurso sobre o Estado da União na última terça-feira no Congresso.
A primeira pergunta, feita por uma moradora de San Francisco, foi sobre o sistema de imigração e Obama disse estar "moderadamente otimista" de que o Congresso vai conseguir aprovar uma reforma em 2014.
O presidente também quis esclarecer que, em sua opinião, "em qualquer cenário" os imigrantes ilegais devem poder ter acesso à cidadania, porque não quer uma situação na qual existam "duas categorias" diferentes de pessoas no país.
Obama falou assim após ter sugerido, em uma entrevista à emissora CNN, que aceitaria um acordo sobre a reforma migratória que não incluísse um caminho especial para a obtenção de cidadania dos 11 milhões de imigrantes ilegais sempre e quando, uma vez que seu status seja legalizado, possam buscá-la pelos caminhos usuais.
Quanto aos princípios para uma reforma migratória apresentados na quinta-feira pelos republicanos, que só contemplam uma garantia de cidadania para os "sonhadores" (jovens estudantes ou membros das Forças Armadas que chegaram irregularmente aos EUA quando crianças), Obama admitiu que existem "algumas diferenças" em relação aos que ele vem apoiando.
"Obviamente, o diabo está nos detalhes. Mas acredito firmemente que podemos conseguir uma reforma migratória este ano", ressaltou o chefe de Estado.
Quanto a sua proposta para aumentar o salário mínimo, atualmente em US$ 7,25 por hora, o presidente afirmou que espera que o Congresso se dê conta que "é o correto" a ser feito, mas admitiu que ainda não tem o apoio dos republicanos.
"Se você trabalha em tempo integral neste país, não deveria estar na pobreza", ressaltou Obama, repetindo uma das frases que usou em seu discurso sobre o Estado da União e na viagem por quatro estados que fez entre quarta e quinta-feira para explicar suas propostas.
Em uma tentativa de convencer o Congresso sobre a necessidade de um aumento do salário mínimo, Obama deu o primeiro passo e anunciou esta semana que seu Governo elevará os rendimentos de alguns funcionários federais para até US$ 10,10 por hora.
Por outro lado, e diante das inquietações de um dos cidadãos que participou da sessão de perguntas, o presidente lembrou seus recentes anúncios para reformar os polêmicos programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA, sigla em inglês) revelados por Edward Snowden.
"Vamos proteger o direito à privacidade não só dos cidadãos aqui nos Estados Unidos, mas em todas as partes", prometeu.
A única menção à política externa foi em relação à Ucrânia. Obama lembrou que os EUA rejeitam as medidas "que restrinjam os protestos e a liberdade de expressão" porque são "contraproducentes".
Para Obama, as grandes manifestações que ocorrem no país desde novembro podem ser explicadas, em parte, porque "o povo da Ucrânia claramente está olhando para a Europa e o Ocidente como parceiros de uma economia mais baseada no livre mercado", mas seus laços históricos e suas relações comerciais com a Rússia "não têm que ser sacrificados" nesse contexto.
O presidente dedicou a última parte da sessão para comentar que é uma pessoa "bastante feliz", ao responder a um cidadão que lhe perguntou "de homem para homem, de pai para pai", como se sentia.
"A razão principal é que tenho uma mulher incrível e duas filhas estupendas que estão crescendo rápido demais", revelou Obama.
Essa família "mantém minha vida em perspectiva", acrescentou. "E minha mulher, pelo menos, ainda acredita que sou bastante bonito, inclusive com a cabeça cheia de cabelos brancos".