ONGs criticam condenação de soldado que vazou documentos para WikiLeaks

Repórteres Sem Fronteiras considerou a pena desproporcional e uma organização de direitos civis dos Estados Unidos criticou a Justiça do país

21 ago 2013 - 15h28
(atualizado às 16h00)
<p>Soldado norte-americano Bradley Manning foi condenado a 35 anos nesta quarta-feira </p>
Soldado norte-americano Bradley Manning foi condenado a 35 anos nesta quarta-feira
Foto: Kevin Lamarque / Reuters

A organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) considerou nesta quarta-feira que a pena de 35 anos de prisão para Bradley Manning é "desproporcional" e constitui um ataque direto contra o bom funcionamento da democracia nos Estados Unidos. Já a União de Liberdades Civis dos Estados Unidos (ACLU) considerou a sentença uma prova de que "algo vai verdadeiramente mal" no sistema de justiça do país. 

O soldado americano foi sentenciado em uma corte militar e expulso do exército com desonra pelo histórico vazamento de mais de 700 mil documentos confidenciais ao portal Wikileaks.

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"A condenação bate de novo nos informantes e ressalta sua vulnerabilidade. O exército americano envia uma mensagem clara, também para os jornalistas que se arriscam a publicar suas revelações", disse a ONG em comunicado.

Para Repórteres Sem Fronteiras, a mensagem, de que o país reprimirá com dureza toda revelação sobre "suas prerrogativas reais", pode comprometer a capacidade da imprensa de denunciar os maus funcionamentos e de atuar como "contrapoder".

De acordo com a RSF, a condenação e o recado que ela traz, "após três anos de detenção provisória em condições extremamente difíceis e um julgamento pouco justo", pode trazer graves consequências à proteção do direito à informação. A RSF acrescentou que a administração de Barack Obama desejava "dar exemplo" e afirmou confiar que a sentença seja cancelada na apelação.

Já a organização de direitos civis União de Liberdades Civis dos Estados Unidos (ACLU) considerou a sentença uma prova de que "algo vai verdadeiramente mal" no sistema de justiça do país.

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"Quando um soldado que compartilhou informação com a imprensa e o público é castigado muito mais duramente que outros que torturaram prisioneiros e mataram civis, há algo que está verdadeiramente mal em nosso sistema de justiça", disse Ben Wizner, diretor do projeto de Expressão e Privacidade da ACLU em comunicado.

"Este não é só um dia triste para Bradley Manning, também é um dia triste para todos os americanos que dependem de informantes corajosos e de uma 'imprensa livre' para um debate público totalmente informado", acrescentou o representante da organização, uma das mais antigas e amplas do país.

A ACLU acrescentou que um sistema legal "que não distingue entre o vazamento à imprensa no interesse público e a traição ao país não só produzirá resultados injustos, mas privará o público de informação crítica, que é necessária para a prestação de contas democrática".

O soldado americano enfrentava acusações que chegariam ao máximo a uma pena de 90 anos depois de ser considerado culpado no final de julho de várias violações da lei de espionagem, roubo de informação governamental e abuso de sua posição de analista no Iraque, mas foi absolvido da acusação mais grave, de ajuda ao inimigo.

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