Ao menos 38 mil brasileiros considerados imigrantes ilegais nos Estados Unidos foram sentenciados à deportação, segundo relatório quadrimestral do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE, em inglês) estadunidense.
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Esses brasileiros integram um contingente de 1,5 milhão de cidadãos não americanos que não estão presos, mas que feriram leis imigratórias dos EUA e já tiveram o processo analisado por, pelo menos, um juiz norte-americano. Em 2024, 1.859 imigrantes do Brasil foram deportados, segundo o ICE.
De acordo com o órgão, as operações de detenção e remoção (ERO, em inglês) têm como alvo, em sua maioria, imigrantes com histórico criminal, como casos de embriaguez ao volante, posse de drogas, agressão, e crimes no trânsito, como acidentes com vítima e omissão de socorro.
Em apenas cinco dias, entre 23 e 28 de janeiro, o ICE prendeu 4.521 imigrantes não documentados, um aumento de 51% na média semanal de detenções.
O instituto de pesquisa Pew Research Center, baseado em Washington D.C., apontou que havia, aproximadamente, 230 mil brasileiros em situação irregular nos EUA até 2022. O contingente representa um aumento de 120 mil imigrantes do Brasil, desde 2012.
Chegada de deportados ao Brasil
A condição dos imigrantes ilegais em solo estadunidense se tornou motivo de preocupação entre as autoridades brasileiras após a chegada do primeiro voo com deportados, desde a posse de Donald Trump, em Manaus (AM), na última sexta-feira, 24.
Na ocasião, a Polícia Federal foi notificada sobre denúncias de maus-tratos aos mais de 100 ocupantes do voo, 88 dos quais eram brasileiros. Os relatos incluem o uso indiscriminado de algemas e correntes, além de agressões e condições degradantes durante o voo de repatriação
O governo brasileiro argumenta que o tratamento dado aos deportados viola os termos do acordo firmado em 2018 com os EUA, que estabelece a necessidade de condições dignas e humanas durante a repatriação. Em nota, o Itamaraty classificou o descumprimento do pacto como "inaceitável".
Entre os problemas relatados, estão 50 horas de viagem com os passageiros algemados nos pés e nas mãos, ausência de ar-condicionado na aeronave e denúncias de agressões verbais e físicas. Diante dessas condições, o governo brasileiro impediu a continuidade do voo fretado para Belo Horizonte na última sexta-feira, 24, após a parada no Aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus.
Por conta das denúncias, o Ministério das Relações Exteriores convocou o o encarregado de negócios da embaixada norte-americana em Brasília, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos. Ele participou de uma reunião no Itamaraty com a embaixadora Márcia Loureiro, responsável pela área de Assuntos Consulares.
Embora a embaixada norte-americana tenha descrito o encontro como uma "reunião técnica", o ato de convocação é um recurso diplomático utilizado para demonstrar descontentamento e cobrar explicações de outro país.