Enquanto o presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump prepara sua transição para a Casa Branca, vale a pena conhecer os familiares e personagens que fazem parte de seu time e que podem assumir cargos importantes durante o seu mandato, que começa no ano que vem.
OS POLÍTICOS
Mike Pence - Vice-presidente eleito
O governador do Estado de Indiana, de 57 anos, é o responsável por liderar a equipe que decide quem ocupará papéis-chave na nova administração.
Ele é o preferido entre conservadores que conhecem bem a dinâmica do poder em Washington, capital do país.
Pence cresceu em uma família católica ao lado de cinco irmãos em Columbus, Indiana, e costuma dizer que se inspira em ícones liberais como John Kennedy e Martin Luther King Jr.
O político é conhecido por sua oposição firme contra o aborto. Em março, assinou um projeto de lei para proibir a prática a partir de critérios como deficiência, gênero e raça do feto em Indiana.
Ele já disse que defenderia a derrubada de uma decisão da Suprema Corte de 1973, conhecida como o caso Roe versus Wade, que tira do governo americano o poder de proibir abortos no país.
Defensores dos direitos das mulheres criaram campanhas online contra as posições de Pence, incluindo mutirões de ligações para seu escritório e pedidos de doação para organizações de direitos reprodutivos feitos seu nome.
Ele já foi presidente da Conferência Republicana, o terceiro posto de liderança mais alto do partido. Também liderou o Grupo de Estudos Republicanos, uma coalisão de republicanos conservadores, o que o fez ganhar prestígio entre algumas lideranças evangélicas que questionaram a "pureza ideológica" de Trump, segundo informa Anthony Zurcher, repórter da BBC nos EUA.
Jeff Sessions - Ministro da Justiça
O senador do Alabama, de 67 anos, foi um dos aliados mais próximos de Trump na campanha, mas apoiou a invasão dos EUA ao Iraque em 2003, classificada por Trump recentemente como uma "estupidez terrível".
No Senado, Sessions faz parte dos comitês Judiciário, de Orçamento e de Serviços Armados (responsável por monitorar a capacidade militar do país). Ao longo de toda a sua carreira, acumulou acusações de racismo.
Ele foi derrotado em um julgamento federal em 1986, quando ex-colegas disseram que ele usava termos pejorativos contra negros e que teria feito piadas sobre a Ku Klux Klan, dizendo que "achava que eles eram ok, até saber que fumavam maconha".
Também foi acusado de chamar um assistente negro do Ministério da Justiça de "garoto" e de classificar a Associação Nacional para o Desenvolvimento da População de Não-Branca como "não-americana" e "inspirada no comunismo".
Mike Pompeo - Diretor da CIA
O congressista linha-dura deve se tornar o novo chefe da espionagem americana. Pompeo recebeu o convite para a direção da agência de inteligência mesmo tendo apoiado Marco Rubio, adversário de Trump nas primárias da disputa presidencial.
Adepto do movimento conservador Tea Party, o republicano de Wichita, Kansas, é um crítico ferrenho do acordo nuclear da gestão Obama com o Irã e defendeu o polêmico programa de coleta de dados em massa da Agência Nacional de Segurança.
Pompeo é contrário ao fechamendo da prisão de Guantanamo e, depois de visitar o local em 2013, afirmou que alguns detentos que faziam greve de fome pareciam ter engordado.
Michael Flynn - Conselheiro de Segurança Nacional
Ele teria ajudado na aproximação entre veteranos de guerra e Trump, que não serviu nas forças armadas. Entre 2012 e 2014, o general dirigiu a Agência de Defesa e Inteligência, uma agência de espionagem, mas afirma que foi expulso por conta de suas visões sobre radicais islâmicos.
Em fevereiro, ele disse no Twitter que o "medo de muçulmanos é racional". Também publicou o livro The Field of Fight: How We Can Win the Global War Against Radical Islam and Its Allies ("O campo de batalha: como podemos ganhar a guerra global contra o islamismo radical e seus aliados", em tradução livre).
Flynn foi durante toda a vida um membro registrado do partido Democrata. O general de três estrelas aposentado foi o principal conselheiro de Trump sobre segurança durante a campanha e teria aceito o mesmo cargo na gestão do novo presidente cantando "lock her up" ("prenda-a") em referência à candidata Hillary Clinton em comícios do republicano.
Na campanha, ele condenou a postura da gestão Obama em relação ao grupo autodenominado Estado Islâmico. Flynn defende uma aproximação entre Estados Unidos e Rússia no combate ao grupo e já foi criticado por aparições repetidas na RT, televisão estatal russa.
Reince Priebus - Chefe de Gabinete
Priebus tem 44 anos e, como líder do Comitê Nacional Republicano, fez a ponte entre Trump e os poderosos do partido, que torciam o nariz para o então candidato.
Mas ele nunca teve um cargo eletivo e não tem experiência política na Casa Branca - seu papel será fazer a ligação entre diferentes áreas do governo.
Ele é próximo ao porta-voz do partido Paul Ryan, também de Wisconsin, que deve ser importante na articulação da agenda do novo governo com o poder Legislativo - de maioria republicana.
Nikki Haley - Secretária de Estado?
A governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, surge como uma candidata ao cargo de secretária de Estado juntamente com outro ex-crítico de Trump, o ex-governador de Utah Mitt Romney.
Inicialmente, Haley apoiou o senador da Flórida Marco Rubio e mais tarde o senador Ted Cruz, do Texas, antes de finalmente dar seu apoio a Trump durante a campanha.
Filha de imigrantes indianos, a política de 44 anos é a primeira mulher e representante de minoria a ser governadora da Carolina do Sul, um estado profundamente conservador com uma longa história de tensão racial.
Por ser a governadora mais jovem dos EUA e apenas a segunda indiana-americana a comandar um Estado americano, ela tem sido caracterizada como uma estrela em ascensão dentro do Partido Republicano.
Antes de entrar no Executivo, foi durante seis anos membro da Câmara dos Deputados do Estado.
Chris Christie - Futuro incerto
O governador de Nova Jersey, de 54 anos, foi o primeiro ex-candidato presidencial a endossar Trump, causando surpresa entre figuras importantes do Partido Republico por levar legitimidade à campanha trumpista.
Ao apoiar o empresário em fevereiro, passou a ser cotado para diferentes cargos na administração de Trump. Sua estrela perdeu brilho recentemente, entretanto, quando foi substituído do cargo de chefia da equipe de transição de Trump e teve aliados removidos de cargos influentes.
Essa perda de prestígio pode ser parcialmente atribuída à aparente relutância de Christie de aparecer ao lado de Trump ou elogiá-lo na reta final da campanha presidencial.
Também pode ser graças a recentes condenações de dois de seus principais assistentes em Nova Jersey, ambos envolvidos em um escândalo local.
Steven Mnuchin - Secretário do Tesouro?
O próprio Trump levantou a ideia de nomear seu chefe de finanças para o posto de secretário do Tesouro.
Mas não está claro se apoiadores do presidente eleito endossariam a ideia de entregar a política nacional de impostos a alguém íntimo dos investidores de Wall Street.
Durante 17 anos, Mnuchin acumulou uma fortuna trabalhando no banco Goldman Sachs. Depois fundou uma empresa de produção de cinema que esteve por trás de sucessos como Sniper Americano e a franquia X-Men.
Uma fonte ligada a Trump, entretanto, disse que a equipe também chamou Jamie Dimon, chefe do banco JPMorgan, para a secretaria do Tesouro. Não se sabe ainda o que ele teria respondido.
OS ASSESSORES
Stephen Bannon - Estrategista-chefe
Apesar de não ser uma nomeação de gabinete, Bannon, de 62 anos, poderá ter imensa influência nos bastidores como um dos principais homens de Trump.
O executivo de mídia, que trabalhou no banco Goldman Sachs, atuará como conselheiro-chefe do presidente. Muitos, no entanto, o acusam de promover pontos de vista radicais.
Dono do site Breitbart News, Bannon se tornou uma liderança da ala anti-establishment do partido. O site, visto por críticos como xenófobo e misógino, se transformou em um dos endereços de notícias e opiniões conservadoras mais lidos dos EUA.
Nascido na Virginia, Bannon passou quatro anos na Marinha antes de completar seu MBA em Harvard. Trabalhou com produção cinematográfica em Hollywood antes de se dedicar a documentários políticos independentes, homenageando o ex-presidente Ronald Reagan, a ex-governadora do Alaska Sarah Palin e o movimento conservador Tea Party.
Por meio de seu trabalho, conheceu Andrew Breitbart, um empreendedor de mídia extremamente conservador que queria construir um site para enfrentar o que classifica como "grande imprensa dominada por liberais".
Quando Breitbart morreu por um ataque cardíaco em 2012, Bannon assumiu como chefe do Breitbart News.
Kellyanne Conway - Secretária de imprensa da Casa Branca?
A estrategista republicana de 49 anos foi promovida a terceira gerente de campanha de Trump em agosto, em mais uma das reviravoltas na equipe do presidente eleito.
Ela foi classificada como "conselheira de pé de ouvido de Trump" e se tornou a primeira mulher a conduzir com sucesso uma campanha presidencial.
Kelly entrou para a equipe de Trump em julho, depois de trabalhar para um grande grupo de arrecadação que financiou um dos rivais de Trump nas primárias, o senador Ted Cruz.
Ela passou a maior parte de sua carreira ajudando políticos conservadores a angariar votos femininos através de sua empresa, The Polling Company Inc./Woman Trend.
Hope Hicks - Conselheira sênior?
Hicks, de 27 anos, foi assessora de imprensa de Trump e administrou os pedidos de imprensa durante a campanha.
Ex-modelo, trabalhou na comunicação da marca de roupas de Ivanka Trump antes de entrar na política. Apesar de raramente falar em público, Hicks administrou sozinha a maioria da comunicação de campanha até Trump contratar mais funcionários, em meados de 2016.
Dan Scavino - Diretor de redes sociais da Casa Branca?
Scavino e Hicks foram dois dos únicos assessores a continuar ao lado de Trump durante as várias reviravoltas vistas durante sua tumultuada campanha.
Ele comandou as atividades de Trump em redes sociais e foi recentemente nomeado diretor de mídias sociais do presidente eleito por sua equipe de transição.
Scavino conheceu Trump quando era adolescente, trabalhando como carregador de tacos em um dos campos de golfe do bilionário. Logo ganhou uma posição de destaque nas Organizações Trump.
Stephen Miller - Conselheiro de Política Nacional?
Miller, de 30 anos, foi um importante assessor do senador e futuro ministro da Justiça Jeff Sessions antes de se juntar à campanha.
Ele costumava animar as plateias antes de Trump subir ao palanque em comícios e foi recentemente nomeado diretor de políticas nacionais na equipe de transição do novo presidente.
Era considerado um "arquiteto de bastidores do esforço bem-sucedido para acabar com a reforma da imigração em 2014", de acordo com um perfil do site Politico publicado neste ano.
Jason Miller - Diretor de Comunicação da Casa Branca?
Antes de ser nomeado diretor de comunicação da equipe de transição de Trump, ele era conselheiro sênior de comunicações da campanha presidencial.
Antes de se juntar a Trump, era um dos principais assessores do senador Ted Cruz, durante as prévias. Sua contratação foi vista como um movimento para encorpar o time de comunicação e ajudar Hope Hicks, que lidava sozinha com a área de relações com a imprensa.
No passado, Miller deu consultoria a campanhas republicanas como a do ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani à Casa Branca, em 2008.
A FAMÍLIA
Melania Trump
Ex-modelo, nascida na Eslovênia, Melania se casou com Donald Trump em janeiro de 2005.
Ela apoiou o marido quando um vídeo no qual ele falava sobre "apalpar mulheres" surgiu durante a campanha. Em julho de 2016, depois de um discurso na convenção nacional republicana, ela apareceu nas manchetes dos jornais por acusações de plagiar uma fala de Michelle Obama em 2008.
Em entrevista à CNN em outubro, Melania, de 46 anos, foi perguntada sobre o que ela gostaria de mudar no marido. "Seus tuítes", respondeu.
Ivanka Trump
Talvez a mais conhecida entre os filhos de Trump, é a única filha de seu casamento com Ivana, sua primeira mulher. Modelo na juventude, ela é hoje vice-presidente das Organizações Trump e foi parte do júri no reality show apresentado pelo pai - O Aprendiz.
Seu irmão Donald Junior diz que Ivanka, de 35 anos, é a filha predileta e constuma ser chamada de "a garotinha do papai".
Ela ganhou um alto nível de autoridade nos negócios da família e é conhecida por administrar alguns dos contratos mais importantes da empresa.
Ivanka também tem uma marca de moda, com o mote #mulheresquetrabalham. Em 2009, ela se converteu ao judaismo depois de casar-se com Jared Kushner.
Durante a campanha, ela fez apelos a eleitoras que haviam recuado após comentários polêmicos de Trump sobre mulheres.
Num discurso no Congresso Nacional Republicano, ela sustentou o apoio do pai aos direitos das mulheres: "Como mãe de três crianças pequenas, eu sei como é difícil trabalhar enquanto se constrói uma família. E eu também sei que eu tenho bem mais sorte que a maioria. As famílias americanas precisam de alívio. Políticas voltadas a mulheres com filhos não deveriam ser novidade, deveriam ser a regra".
Jared Kushner
O marido de Ivanka é filho de um importante empreiteiro do mercado imobiliário de Nova York e é dono de um jornal semanal da cidade, o The New York Observer, há 10 anos.
Discreto, Kushner, de 35 anos, se transformou em um dos conselheiros mais próximos de Trump. Ele exerceu uma forte influência durante a campanha - incluindo estratégia digital e contratações - e possivelmente levará essa experiência à Casa Branca.
Ele é dono de vários empreendimentos de sucesso, como o 666 Fifth Avenue, um arranha-céu que fica a poucos quarteirões da Trump Tower. Também investe em mídia: aos 25 anos, em 2006, comprou o Observer.
Judeu ortodoxo, ele teria irritado membros da própria família ao escrever uma defesa ao uso da estrela de David, símbolo judaico, por Trump em um de seus ataques contra Hillary Clinton no Twitter.
Filho de família rica, ganhou uma vaga em Harvard apesar de suas notas baixas, de acordo com Daniel Golden, autor do livro The Price of Admissions: How America's Ruling Class Buys Its Way into Elite Colleges ("O preço das admissões: como a classe dominante dos EUA compra sua entrada para universidades de elite", em tradução livre). No ano de sua admissão, de acordo com a publicação, Kushner doou US$ 2,5 milhões para a universidade, além de ter feito doações similares a outras escolas.
Assim como o sogro, ele não tem experiência política. Em um editorial no New York Observer, Kushner defendeu que a política deve ser conduzida como os negócios.
Tiffany Trump
A filha de Donald Trump com sua segunda esposa, Marla Maples, já foi atriz e personalidade da televisão. Aos 23 anos, é uma usuária frenética de Twitter e Instagram, onde mostra seu estilo de vida glamuroso.
Ela foi relativamente discreta durante a eleição e, para muitos, não terá a mesma influência política que seus irmãos. Mas ganhou elogios do pai por seu "fantástico discurso" na convenção republicana, quando disse que Trump era um "encorajador natural".
Donald Trump Jr.
Filho mais velho de Donald Trump em seu primeiro casamento com Ivana. Aos 38 anos, é vice-presidente executivo das Organizações Trump e casado com Vanessa Haydon - foi apresentado a ela pelo pai durante um evento de moda.
Sua trajetória não está livre de controvérsias. Seu gosto pela caça foi criticado depois que fotos surgiram mostrando-o junto ao irmão Eric posando ao lado de animais mortos, incluindo um leopardo e um crocodilo.
Eric Trump
Terceiro filho do casamento de Trump com Ivana. Como seus irmãos, também é vice-presidente executivo das empresas do pai.
Ele preside a vinícola de Trump na Virgínia e supervisiona seus clubes de golf. Em 2006, lançou a Fundação Eric Trump, que destinou US$ 28 milhões a um hospital de pesquisa que ajuda crianças com doenças terminais.
Eric ficou conhecido por violar a lei eleitoral americana ao tuitar uma foto com sua cédula de votação, dizendo que era "uma honra incrível votar em meu pai".