Republicanos aceitam legalização, mas não de todos os imigrantes

31 jan 2014 - 09h43
(atualizado às 09h44)

Deputados republicanos apresentaram na noite de quinta-feira uma série de "princípios" para a reforma das leis de imigração americanas que, em linhas gerais, restringem o grupo dos imigrantes que seriam beneficiados pela nova legislação.

A reforma imigratória, apresentada pelo governo, abre a possibilidade de que os mais de 10 milhões de imigrantes indocumentados que vivem nos Estados Unidos legalizem a sua situação.

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Os republicanos querem que sejam beneficiados apenas os imigrantes que não tenham histórico criminal, paguem impostos atrasados e aprendam inglês, entre outros requisitos.

"Essas pessoas poderão viver legalmente e sem medo nos Estados Unidos desde que estejam dispostos a admitir sua culpa, não tenham antecedentes criminais, sejam fluentes em inglês, sigam princípios cívicos americanos e possam se sustentar sem a ajuda do Estado", delineia o documento ao qual a BBC teve acesso.

Os republicanos, que são maioria entre os deputados na Câmara dos Representantes, têm indicado sua preferência por votar a reforma imigratória em partes, e não como um todo, como ocorreu no Senado, em julho do ano passado.

Na ocasião, os senadores deram seu aval ao projeto, que busca criar uma via "árdua porém justa" aos milhões de imigrantes irregulares no país, muitos deles latino-americanos.

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O texto agora tramita na Câmara dos Representantes, onde poderá sofrer modificações. E a carta publicada na quinta-feira pelos opositores do presidente Barack Obama aponta nesta direção.

No documento, eles defendem que as questões envolvendo a imigração não podem ser resolvidas com uma única e extensa legislação que "poucos leem e poucos entendem".

"Os problemas no nosso sistema de imigração devem ser resolvidos passo a passo, com uma abordagem de bom senso que começa garantindo a segurança das fronteiras do nosso país e a implementação das leis".

'Sonhadores'

Os republicanos ainda indicaram que poderiam aprovar um projeto de lei que permitiria a naturalização de filhos de imigrantes (cerca de 1,5 milhão de pessoas) trazidos para os Estados Unidos pelos seus pais quando crianças - os chamados "sonhadores".

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"Chegou a hora de oferecer uma oportunidade para aqueles que não tiveram culpa por serem trazidos para este país quando crianças e que não podem chamar nenhum outro país de lar".

Entre outros pontos defendidos na carta de princípios está a facilitação da regularização de trabalho para estudantes estrangeiros que se formam em universidades americanas e desejam trabalhar no país.

"Quando vistos não estão disponíveis, acabamos exportando esta mão de obra para outros países. A concessão de vistos e de green cards precisa refletir as necessidades dos empregadores e o desejo desses indivíduos excepcionais que podem ajudar nossa economia a crescer".

O documento reitera, no entanto, que todas as medidas seriam postas em prática uma vez que ações sejam implementadas para "fortalecer as fronteiras americanas".

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Para isso, defende uma política de "tolerância zero" com os que entram no país ilegalmente ou permanecem no país com visto expirado.

O senador republicano John McCain emitiu comunicado pouco após a divulgação do documento, afirmando que os "princípios" representam um passo positivo "na direção correta".

Apesar de definirem a carta de princípios como "vaga", alguns analistas acreditam que o documento representa o início do esforço do partido de ganhar apoio entre eleitores hispânicos, que nos últimos anos vem declarando sua preferência pelos democratas.

Organizações em defesa da imigração criticaram as propostas.

Chris Newman, diretor jurídico da NDLON, organização nacional de trabalhadores diaristas, disse que as ideias republicanas deixam claro que o partido continua buscando a "criminalizar os imigrantes".

"A melhor forma para resolver a questão é o presidente (Barack Obama) liderar com ações concretas. A suspensão de deportações vai estimular o consenso para reforma, além de aliviar sofrimentos desnecessários e a injustiça prolongada", afirmou Newman.

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*Contribuiu Pablo Uchoa, de Washington

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