'Rolling Stone' pede desculpa por reportagem sobre estupro

Falhas em reportagem desestimulariam vítimas de violência sexual a denunciar agressores

6 abr 2015 - 07h20
(atualizado às 09h05)
Editor pediu desculpas pela reportagem e as consequências
Editor pediu desculpas pela reportagem e as consequências
Foto: Twitter

A revista Rolling Stone se desculpou pela publicação de uma reportagem sobre um suposto estupro em uma faculdade americana após a matéria passar por uma revisão independente.

O editor da revista Will Dana pediu desculpas aos leitores e "a todos que foram prejudicados por nossa história e pela precipitação que se seguiu a ela".

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A matéria descrevia um estupro coletivo em uma república de estudantes da Universidade da Virginia em 2012. Após a publicação foram realizadas manifestações em repúdio ao crime em frente à casa dos estudantes.

Uma investigação policial que durou quatro meses não encontrou nenhuma prova de que o caso realmente tenha acontecido.

Mas o chefe de polícia Timothy Longo afirmou porém que isso não significa necessariamente que "algo terrível não tenha ocorrido" com a estudante conhecida como Jackie.

"Falha jornalística"

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Um relatório da Escola de Jornalismo de Columbia, autorizado pela Rolling Stone, descreveu a reportagem como "uma história de erro jornalístico".

Manifestação em frente a república Phi Kappa Psi (foto: AP)
Foto: BBC Mundo / Copyright

Escrita pela jornalista Sabrina Erdely, a reportagem de 9.000 palavras Um estupro no campus tinha como fonte única de informação a vítima Jackie. Ela relatou como teria ocorrido seu suposto estupro na república Phi Kappa Psi.

Investigações subsequentes feitas por outros repórteres e pela própria Erdely identificaram erros na reportagem.

O relatório da Escola de Jornalismo de Columbia disse que a revista falhou ao usar "práticas básicas e rotineiras de jornalismo" para verificar os detalhes depois que Erdely não conseguiu entrar em contato contra os supostos autores do crime.

"O fracasso abrangeu reportagem, edição, supervisão editorial e verificação de fatos", afirmou o relatório. Também teriam ocorrido "falhas sistemáticas" na revista, segundo o documento.

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O relatório afirmou ainda que a reportagem minou esforços dedicados a parar a violência sexual, na medida em que "espalha a ideia de que muitas mulheres inventam denúncias de estupro".

Leitura dolorosa

O editor Dana descreveu o relatório como uma "leitura dolorosa" e disse que a revista estava se submetendo a uma série de recomendações feitas pelo documento.

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Ele se desculpou com todos os afetados pela reportagem, incluindo membros da república Phi Kappa Psi e estudantes.

"Casos de abuso sexual são um problema sério nos campus das faculdades, e é importante que vítimas de estupro se sintam confiantes para denunciar", ele disse.

"Nos entristece pensar que a disposição para delatar esses casos pode ter diminuído em consequência de nossas falhas".

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Erdely tamém pediu desculpas em uma declaração divulgada junto com o relatório.

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"Eu espero que meus erros ao reportar essa história não silenciem as vozes de vítimas que precisam ser ouvidas".

A Escola de Jornalismo de Columbia disse que Jackie se recusou a responder perguntas para o relatório e seu advogado afirmou que "é do interesse dela ficar em silêncio neste momento".

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