O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta terça-feira que a Rússia reforçará seu arsenal nuclear em resposta à decisão dos Estados Unidos de continuar com seus planos de desdobrar na Europa seu escudo antimísseis.
"Desenvolveremos sistemas de defesa antimísseis, mas em primeiro lugar, como dissemos em várias ocasiões, desenvolveremos sistemas ofensivos capazes de superar qualquer escudo", disse Putin, citado por meios de comunicação locais.
Durante uma reunião governamental sobre a indústria militar, Putin ressaltou que a "Rússia adotará as necessárias medidas de resposta para o fortalecimento do potencial estratégico de seus arsenais nucleares".
Putin destacou que nos últimos três anos, as empresas de defesa russas desenharam e ensaiaram "de forma bem-sucedida" uma série de armas capazes de fazer frente a um sistema escalonado antimísseis como o norte-americano. "Esses sistemas já começaram a entrar em serviço neste ano nas Forças Armadas", disse.
O líder russo voltou a disparar contra os EUA por seguir adiante com seus planos depois do acordo alcançado com o Irã sobre seu controverso programa nuclear. "Nos disseram que o escudo e seu segmento europeu estão dirigidos à defesa dos mísseis balísticos iranianos. No entanto, agora sabemos que a situação com o problema iraniano já está sendo resolvida e foi assinado o correspondente acordo", disse.
Putin denunciou que "as referências à ameaça dos mísseis iranianos e norte-coreanos simplesmente ocultam os autênticos planos e seu autêntico objetivo que é neutralizar o potencial estratégico e nuclear de outros países".
Na sua opinião, o principal alvo do escudo é a Rússia e seu arsenal nuclear, que inclui a aviação estratégica, os mísseis intercontinentais e os submarinos atômicos, tríade que permite a Moscou manter paridade estratégica com os Estados Unidos. Dessa forma, acrescentou, os Estados Unidos "querem conseguir uma decisiva superioridade militar com todas suas consequências".
Putin, que advertiu em várias ocasiões que nunca permitirá a hegemonia estratégica dos Estados Unidos sobre a Rússia, acusou o Ocidente de não atender as preocupações russas e de ignorar suas propostas de cooperação nesse âmbito.
"Dissemos em várias ocasiões que tais ações são vistas como tentativas de minar a atual paridade no terreno do armamento nuclear e, em resumo de contas, arruinar todo o sistema de estabilidade regional e global", assinalou.
Putin pediu em muitas ocasiões a Washington que renuncie ao desdobramento de seu escudo antimísseis, que tem elementos na Romênia, Bulgária, Polônia e Espanha, ao considerar que é uma ameaça direta para a segurança da Rússia.
Nos últimos anos, Putin ordenou reforçar o orçamento em defesa a fim de modernizar as Forças Armadas. Putin não duvidou em qualificar de "impressionantes" estes planos de rearmamento do Exército, que deve receber neste ano mais de 50 novos mísseis intercontinentais capazes de superar o escudo americano.
Os planos militares dos Estados Unidos e a expansão da Otan para suas fronteiras são as principais ameaças incluídas na nova doutrina militar aprovada em dezembro passado por Putin.
No entanto, o chefe do Kremlin mantém que a Rússia responderá às ameaças, mas não será vista dedicada a uma corrida armamentista como durante a Guerra Fria, processo que, segundo muitos analistas, provocou o afundamento da União Soviética.