O presidente Barack Obama anunciou, nesta quarta-feira, um novo capítulo nas relações entre os Estados Unidos e Cuba, assinalando que já é hora de acabar com "um enfoque antiquado sobre a ilha comunista".
De acordo com Obama, chegou a hora de "soltar as amarras do passado".
Em um discurso na Casa Branca, o presidente americano anunciou o fim de uma política "obsoleta" de isolamento da ilha comunista e disse que tal prática "fracassou durante décadas".
"Hoje estamos fazendo essas mudanças porque é a coisa certa a fazer. Hoje a América escolhe se soltar das amarras do passado, de modo a alcançar um futuro melhor, para o povo cubano, para o povo americano, para todo o nosso hemisfério, e para o mundo", disse ele.
Obama afirmou que a nova política vai tornar mais fácil as viagens de norte-americanos a Cuba. Ele disse que também irá conversar com membros do Congresso dos Estados Unidos sobre a suspensão do embargo dos EUA a Cuba.
Obama também anunciou que os Estados Unidos vão revisar a designação de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo ."Através dessas mudanças, tentamos criar mais oportunidades para os povos americanos e cubanos e iniciar um novo capítulo", afirmou.
Obama afirmou que aposta em "uma Cuba mais livre e mais próspera", ao estender "uma mão de amizade" ao povo cubano. A mudança contempla ainda a abertura de embaixadas em Washington e Havana nos próximos meses.
O presidente americano agradeceu ainda ao papa Francisco pela ajuda que proporcionou no processo de aproximação dos dois países. O pontífice contribuiu para a melhoria nas relações ao pressionar a libertação do funcionário americano Alan Gross, preso em Cuba, disse o presidente.
Obama agradeceu ainda ao Canadá pelo papel que desempenhou ao sediar as negociações entre EUA e Cuba.
Raul Castro faz pronunciamento simultâneo em Cuba
Já o presidente cubano, Raul Castro, em um pronunciamento simultâneo, anunciou que, durante conversa por telefone com o presidente americano, na terça-feira, acertou "O restabelecimento das relações diplomáticas" com os Estados Unidos, lamentando, no entanto, que ainda seja mantido o "bloqueio" econômico sobre a ilha.
"Acertamos o restabelecimento das relações diplomáticas. Isto não quer dizer que o principal tenha sido resolvido: o bloqueio econômico", disse Raul, que confirmou, também, a libertação de três agentes cubanos presos nos Estados Unidos, assim como as do funcionário terceirizado do governo americano Alan Gross e de um "espião de origem cubano" a serviço de Washington em Cuba.
Comunidade internacional parabeniza decisão
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, parabenizou nesta quarta-feira, em nome do Mercosul, o povo cubano e seu governo por iniciar um processo de normalização das relações com os Estados Unidos "com absoluta dignidade e em um pé de igualdade".
Cristina, que exerce a presidência temporária do Mercosul, que hoje realiza sua XLVII cúpula semestral, mandou uma "imensa saudação e respeito à dignidade do povo cubano e seu governo, que souberam manter seus ideais no alto".
Além disso, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também elogiou o anúncio do restabelecimento das relações entre Estados Unidos e Cuba.
"É uma notícia muito positiva. Agradeço aos presidentes Barack Obama e Raúl Castro por tomar este importante para normalizar suas relações", disse Ban em sua entrevista coletiva de fim de ano.
O secretário-geral acrescentou que a ONU vai monitorar os futuros passos para apoiar o que pode ser um maior envolvimento "entre dois povos que estiveram separados por muito tempo".
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro também se manifestou. "(Estou) muito feliz. É preciso reconhecer o gesto do presidente Barack Obama, um gesto de valentia e necessário na história. Foi dado um passo, talvez o mais importante de sua presidência", disse em discurso na Cúpula do Mercosul, no norte da Argentina.
Venezuela e Estados Unidos têm uma difícil relação desde o início do governo do falecido presidente Hugo Chávez. O país sul-americano denunciou por várias ocasiões conspirações de Washington contra seu país.
Com informações da AFP, da Reuters e da EFE.