O ex-agente da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden disse nessa quinta-feira que não pode deixar a Rússia e voltar a seu país porque "não há nenhuma chance de ter um julgamento justo", e pediu aos Estados Unidos que fortaleçam a proteção de denunciantes.
Durante uma sessão de perguntas e respostas on-line, Snowden também negou que tenha roubado senhas de colegas de trabalho na NSA, condenou as ameaças à sua vida feitas na mídia por funcionários anônimos da inteligência dos Estados Unidos e denunciou "a vigilância em massa indiscriminada" por parte dos governos.
Snowden, que roubou e divulgou dados de programas secretos de vigilância e outras atividades norte-americanas, enfrenta acusações criminais nos Estados Unidos. Ele fugiu no ano passado para Hong Kong e depois para a Rússia, onde recebeu asilo temporário de pelo menos um ano.
Seus comentários em um site chamado "Liberte Snowden", foram feitos no momento em que o procurador-geral dos EUA, Eric Holder, disse na Virgínia que o governo norte-americano não considera perdoá-lo.
"Se o senhor Snowden quiser voltar para os Estados Unidos, fazer um acordo, nós conversaríamos com os advogados dele. Faríamos isso com qualquer réu que quisesse fazer uma confissão de culpa", disse Holder.
Em sua sessão on-line, Snowden foi convidado a explicar as condições que precisava para voltar para os Estados Unidos.
"Voltar aos EUA, eu acho, é a melhor resolução para o governo, o público e para eu mesmo, mas infelizmente isso não é possível diante da legislação atual de proteção a denunciantes que, devido a uma falha, não abrange prestadores de serviços de segurança nacional como eu", escreveu Snowden.
Ele disse que a lei sob a qual ele foi acusado "nunca foi destinada a ser usada contra pessoas que trabalham para o interesse público e proíbe uma defesa do interesse público."
Snowden acrescentou que "não há nenhuma chance de ter um julgamento justo e não há maneira de eu poder voltar para casa e levar o meu caso a um júri."
Snowden, de 30 anos, foi acusado no ano passado de roubo da propriedade do governo, comunicação não autorizada de informações de segurança nacional e de fornecer dados sigilosos de inteligência para uma pessoa não autorizada.