Soldado dos EUA é libertado em troca de 5 afegãos

31 mai 2014 - 23h38

Os Estados Unidos anunciaram neste sábado a libertação do sargento Bowe Bergdahl, militar americano detido no Afeganistão há quase cinco anos, em troca da transferência de cinco prisioneiros de Guantánamo ao Qatar, país que atuou como intermediário na negociação e que teria dado garantias de segurança aos EUA sobre os presos transferidos.

O presidente americano, Barack Obama, apareceu esta noite na Casa Branca ao lado dos pais de Bergdahl, Bob e Jani, afirmando que "o governo catariota nos deu garantias de que implantará medidas para proteger nossa segurança nacional". No entanto, Obama não deu detalhes de quais seriam as garantias de segurança adotadas pelo Qatar.

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A libertação dos prisioneiros foi recebida com grande satisfação pelos talibãs. Os cinco presos libertados pelos Estados Unidos pertenceram a quadros do regime dos talibãs (1996-2001) e a maioria ainda seria influente no movimento que combate o governo afegão e seus aliados ocidentais.

Em um comunicado, os insurgentes informaram que os prisioneiros libertados foram o mulá Khairullah Khairkhwa, ex-ministro talibã do Interior, o mulá Mohammad Fazl, ex-vice-ministro da Defesa do regime talibã, além dos mulás Norullah Noori, Abdul Haq Wasiq e Mohammad Nabi.

As identidades dos libertados mencionados no comunicado foram confirmadas pelo Departamento de Estado americano.

Bob Bergdahl, o pai do sargento libertado, contou que não conseguia definir suas emoções ao receber o telefonema de Obama, mais cedo, para informar a ele e à sua esposa sobre a libertação do filho.

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Bergdahl contou que seu filho estava com dificuldades em falar inglês após passar tanto tempo com os talibãs. Ele disse uma frase comum em árabe, repetida pelos muçulmanos antes de fazer um discurso, e algumas poucas palavras que pareciam em pashtum, idioma falado no Afeganistão.

"Em nome de Deus, o mais bondoso, o mais misericordioso", falou Bob Bergdahl em árabe.

"Sou seu pai, Bowe", prosseguiu em inglês, após dizer algumas palavras em pasthum, ao relatar o contato com o filho no púlpito presidencial instalado no Jardim Rosado da Casa Branca. O sargento foi o primeiro prisioneiro americano no Afeganistão durante a invasão liderada pelos Estados Unidos.

Segundo fontes oficiais, ele está bem e sendo tratado pelos médicos da base de Bagram no Afeganistão e será transferido para um centro médico militar americano em Landstuhl, Alemanha, para continuar seu tratamento.

Obama disse que se sentia orgulhoso das forças americanas no Afeganistão que resgataram Bergdahl e dos diplomatas americanos que ajudaram a negociar sua libertação.

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"O sargento Bergdahl perdeu aniversários, feriados e momentos simples com a família e os amigos que todos nós consideramos corriqueiros", disse Obama.

"Mas enquanto Bowe esteve ausente, ele nunca foi esquecido. Seus pais pensavam nele e rezaram por ele todos os dias", acrescentou.

Mais cedo, em um comunicado, Obama agradeceu ao emir do Qatar, Tamim Ben Hamad al Thani, por seu papel central na libertação de Bergdahl.

"Declaro meu maior reconhecimento ao emir do Qatar por ter ajudado a garantir a volta de nosso soldado", declarou. "O compromisso pessoal do emir é uma demonstração da associação entre nossos países", enfatizou Obama, que também agradeceu ao governo afegão por sua ajuda na libertação do prisioneiro.

"Em nome do povo dos Estados Unidos, tive a honra de ligar para os familiares (do soldado) para manifestar a eles nossa alegria a respeito de que podem contar com sua volta com toda segurança", indicou.

Foi o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, que anunciou a libertação dos cinco prisioneiros de Guantánamo.

O chefe do Pentágono também confirmou a libertação de Bergdahl, e disse ter informado ao Congresso "sobre a decisão de transferir cinco detidos de Guantánamo para o Qatar".

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Segundo a mesma fonte, estes cinco ex-prisioneiros já estão sob responsabilidade do Qatar e seus "movimentos e atividades estarão limitados."

O Qatar está comprometido há anos com os esforços de reconciliação entre os talibãs e o governo de Cabul, uma iniciativa apoiada pelos Estados Unidos e dentro da qual se inscrevem as negociações para a libertação de Bergdahl.

O secretário de Estado John Kerry, por sua vez, agradeceu em um comunicado "ao governo do Qatar e, especialmente, ao emir Tamim Ben Hamad al Thani por ter tido um importante papel para a volta do sargento Bergdahl".

Kerry disse ter conversado com o presidente afegão Hamid Karzai sobre este último "processo para discutir os anúncios desta semana pelo presidente Obama".

Obama prometeu na terça-feira manter 9.800 soldados depois de 2014, invés dos 32.000 que atualmente se encontram no Afeganistão e que deixarão o País progressivamente até o final de 2016, na condição de que o futuro presidente afegão assine o Tratado Bilateral de Segurança (BSA).

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O sargento Bergdahl foi capturado em 30 de junho de 2009 no Afeganistão e os talibãs difundiram vários vídeos para demonstrar que estava vivo.

Em setembro de 2013, Chuck Hagel prometeu que os Estados Unidos continuariam dispondo de seus "meios militares, diplomáticos e de inteligência" para conseguir a libertação do sargento Bowe Bergahl.

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