Topless na Times Square cria polêmica sobre liberdade em NY

28 ago 2015 - 07h20
(atualizado às 07h51)

Em meio à profusão de personagens inusitados que circulam diariamente pela Times Square, um dos principais e mais movimentados pontos turísticos de Nova York, uma categoria em especial vem gerando controvérsia nas últimas semanas: as mulheres de topless, com os corpos pintados, que posam para fotos ao lado de turistas em troca de gorjetas.

Prefeito cogitou reabrir Times Square ao trânsito para restringir atividade
Prefeito cogitou reabrir Times Square ao trânsito para restringir atividade
Foto: Thinkstock

Apelidadas de "desnudas" e com presença crescente na região, elas viraram alvo de críticas de autoridades e de parte da imprensa local, para quem sua interação com os turistas é às vezes agressiva e remete a um passado decadente, em que a Times Square era reduto de prostituição.

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"Não gosto da situação na Times Square, e vamos tratar disso de maneira agressiva", disse o prefeito Bill de Blasio em entrevista coletiva, ao prometer encontrar um modo de regular a atividade.

Blasio chegou a cogitar reabrir ao tráfego de veículos as áreas da Times Square atualmente reservadas a pedestres, o que restringiria o espaço ocupado pelas "desnuda", mas a proposta foi recebida com críticas por urbanistas e comerciantes da região.

O governador Andrew Cuomo também criticou publicamente as mulheres e disse que sua atuação "deve ser impedida".

No capítulo mais recente da polêmica, o Departamento de Polícia de Nova York anunciou nesta semana a criação de uma unidade especial para patrulhar a Times Square.

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Os novos policiais deverão se somar ao contingente que já atua na área, mas terão atribuição diferente, com foco não apenas no combate ao crime, mas principalmente em questões ligadas a qualidade de vida.

Eles deverão patrulhar a área a pé e se familiarizar com comerciantes da região. A previsão é de que a nova unidade entre em operação em outubro.

Artistas de rua

A presença das mulheres de topless na Time Square começou a chamar a atenção em 2013.

Neste verão (no hemisfério norte), calcula-se que em torno de 40 "desnudas" circulem pela região, vestindo apenas calcinhas e com os corpos pintados, geralmente nas cores da bandeira americana.

Muitas são imigrantes. Elas dividem espaço com pessoas fantasiadas de personagens como Homem-Aranha ou Mickey Mouse, que convidam turistas para fotos em troca de dinheiro.

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As autoridades dizem querer coibir ações agressivas. Há relatos de pessoas fantasiadas que assediam turistas e, depois, cobram valores determinados pelas fotos.

As mulheres dizem que são artistas de rua e que são os turistas que vêm até elas pedir para tirar fotos. Afirmam também que não cobram um valor fixo e que cada turista contribui com o que quer.

Em entrevista à revista , uma das "desnudas", identificada como Lucky, disse que chega a faturar US$ 1 mil em "dias bons". Quando o movimento é menor, leva para casa cerca de US$ 100.

Outra, a venezuelana Mey Ovalles, disse ao jornal que ganha entre US$ 5 e US$ 20 por foto e fatura em torno de US$ 300 por dia.

Liberdade de expressão

Apesar de irritadas com a presença das mulheres de topless na Times Square, as autoridades reconhecem que elas não estão cometendo nenhum ato ilegal.

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As leis de Nova York permitem tanto o topless quanto pedir dinheiro nas ruas. Além disso, sua atuação está protegida pela primeira emenda da Constituição americana, que garante a liberdade de expressão.

"Temos de respeitar a Constituição nesse processo", admite o prefeito.

Elas também vêm ganhando apoio. No fim de semana, cerca de 300 manifestantes, muitas dela de topless, protestaram contra as iniciativas das autoridades de coibir sua presença na Times Square.

Mas o prefeito diz estar determinado a encontrar uma maneira de desencorajar a ação de pessoas pedindo gorjetas em troca de fotos.

Na semana passada, foi criada uma força-tarefa para analisar a questão. As conclusões deverão ser apresentadas em outubro.

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