A Venezuela advertiu nesta sexta-feira que vai deixar de enviar petróleo para os Estados Unidos caso Washington "tente algo" contra Caracas. Há três dias, o país acusou os norte-americanos de atentarem "contra o diálogo de respeito mútuo" ao anunciar novas sanções contra funcionários locais.
"Estamos na disposição de entregar a nossa vida, se for necessário, para defender esta revolução (…) nem uma gota de petróleo se tentarem algo contra a Venezuela", disse o presidente da Assembleia Nacional. Diosdado Cabello falou no estado de Anzoátegui, a 320 quilômetros a leste de Caracas, durante concentração de militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Por outro lado, ele acusou a oposição venezuelana de ter uma agenda violenta e de ser tão má que não é capaz de fazer o seu trabalho. "Têm de ser os norte-americanos a fazê-lo", disse. "Não caiamos em chantagem. Um chavista pode ficar incomodado, mas jamais irá votar na direita", acrescentou Cabello.
Os Estados Unidos anunciaram, na segunda-feira, novas sanções (suspensão de vistos) contra antigos e atuais funcionários do governo venezuelano, acusando-os de serem "responsáveis ou cúmplices" por violações dos direitos humanos na Venezuela.
"Estamos enviando uma mensagem muito clara, que os violadores de direitos humanos, os que se beneficiam com a corrupção e os seus parentes não são bem-vindos nos Estados Unidos", anunciou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.
Segundo ela, "ao ignorar os repetidos apelos para a mudança, o governo venezuelano continua a demonstrar falta de respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais".
Washington acusa Caracas de tentar "sufocar a dissidência", reprimindo manifestantes que protestam pela deterioração da situação política, econômica e de segurança no país.
Em julho, o governo dos EUA já tinha imposto restrições na concessão de vistos a 24 dirigentes venezuelanos, supostamente envolvidos em violações de direitos humanos e na repressão de protestos de grupos opositores a Maduro.