Ex-militares americanos que foram vítima de estupro quando estavam nas Forças Armadas contaram a traumática experiência em uma audiência no Senado e pediram mudanças na justiça militar.
Quatro vítimas - três mulheres e um homem - relataram na quarta-feira aos congressistas como foram atacadas sexualmente e perseguidas, que os agressores não receberam punição e as represálias e intimidação que sofreram sob um código legal que oferecia pouco auxílio.
"A justiça penal militar está quebrada", disse Rebekah Havrilla, ex-sargento do exército.
Havrilla afirmou que foi violentada por um integrante de sua unidade ao fim de uma missão no Afeganistão em 2007, onde atuou como especialista em bombas.
O estuprador divulgou fotos dela durante o estupro na internet, o que a estimulou a denunciar o crime às autoridades militares. Apesar de ter descrito o crime em longas sessões de interrogatório com investigadores, o agressor nunca foi punido.
Em determinado momento, ela pediu ajuda ao capelão do exército, que afirmou "entre outras coisas, que o estupro havia sido a vontade de Deus e que Deus tentava atrair minha atenção para retornasse à igreja", contou.
As vítimas afirmaram ao subcomitê das Forças Armadas do Senado que o código legal militar deveria ser alterado, para que não se permita aos comandantes impor sua autoridade em casos que envolvem os subordinados.
"O que precisamos é um sistema judicial militar justo e imparcial, dirigido por especialistas legais profissionais, não comandantes de unidade", disse Havrilla.
Os senadores concordaram e interrogaram ainda advogados militares e oficiais em uma segunda audiência sobre um caso recente no qual um genral da Força Aérea modificou um veredicto de culpa contra o coronel James Wilkerson, que enfrentava uma condenação de um ano de prisão por agressão sexual.
Diante da estupefação dos congressistas, o secretário de Defesa Chuk Hagel ordenou a revisão do caso Wilkerson e das normas militares que autorizam os comandantes a reverter veredictos.