Estudo aponta 100 desastres naturais e 56 conflitos em 2024

Mais de 280 trabalhadores humanitários morreram, segundo dados

16 dez 2024 - 13h36
(atualizado às 14h03)

Um estudo italiano divulgado nesta segunda-feira (16) revelou que, nos primeiros 11 meses de 2024, os conflitos armados e as catástrofes naturais causaram 200 mil mortes e 117 milhões de pessoas deslocadas em todo o mundo.

    Entre as vítimas estão também 283 trabalhadores humanitários, que perderam a vida enquanto trabalhavam para levar ajuda às populações afetadas por emergências.

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    O alerta foi dado pela organização humanitária Cesvi - uma ONG italiana fundada em 1985 e que tem cerca de 30 escritórios em todo o mundo -, que destaca "como este ano foi caracterizado por um paradoxo dramático".

    "Perante 300 milhões de pessoas à beira da sobrevivência, é cada vez mais difícil e perigoso para os trabalhadores humanitários prestar ajuda", diz o relatório.

    Segundo a Cesvi, atualmente, existem 56 conflitos armados ativos no mundo, o número mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial, e de janeiro de 2024 até hoje ocorreram mais de 100 desastres naturais relacionados com o clima, um a cada três dias.

A ONG destaca que "é neste panorama alarmante que os trabalhadores humanitários trabalham todos os dias na linha da frente para ajudar a população - em 2024 já terão alcançado pelo menos 116 milhões de pessoas - expondo-se a riscos crescentes para os seus".

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"No ano em curso, 283 trabalhadores humanitários já morreram, mais do dobro do número de cinco anos atrás e quatro vezes o número de vítimas registradas há 20 anos (56)", afirma Stefano Piziali, CEO da Cesvi.

Em 2024, a guerra na Faixa de Gaza foi a principal causa de vítimas: pelo menos 178 trabalhadores humanitários morreram, enquanto 25 morreram no Sudão e 11 na Ucrânia.

"Em muitas situações, como em Gaza, onde Cesvi está presente desde 1994, o acesso à ajuda está agora seriamente comprometido: os corredores humanitários permanecem frequentemente bloqueados e os comboios não conseguem chegar às populações em dificuldade", acrescentou ele.

Segundo Piziali, os operadores locais também vivem em uma situação de dupla vulnerabilidade: "eles próprios estão deslocados, mas também são responsáveis pelas intervenções de ajuda".

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O estudo enfatiza ainda que "há também situações muito perigosas na Ucrânia, onde as zonas cercadas pela frente" são objetos de contínuos ataques. "A população civil, bem como os trabalhadores humanitários, são obrigados a passar longas horas em bunkers para se protegerem dos bombardeios", observa.

O texto destaca que a Ucrânia é o país mais violento, com mais de 37.303 mortes. Inclusive, no primeiro semestre de 2024, três pessoas morreram por cada novo nascimento.

Por outro lado, o Chifre da África foi duramente atingido por uma seca prolongada durante 2024, que causou fome generalizada e deslocamentos em massa.

Já na Etiópia, no Quênia e na Somália, 23 milhões de pessoas vivem em condições de grave insegurança alimentar e enfrentam escassez de alimentos e água potável.

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"Cerca de 8,25 milhões de pessoas na Somália precisam urgentemente de ajuda humanitária e milhões de crianças correm o risco de desnutrição grave. Além disso, depois da seca mais longa dos últimos 40 anos, devido às enchentes repentinas, milhares de famílias já deslocadas no sul do país foram obrigadas a abandonar tudo novamente", finaliza Piziali. .

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