Estudo com tribo amazônica mostra como vida moderna está mudando as bactérias nos humanos

17 abr 2015 - 17h24
(atualizado às 17h24)

Os corpos de todas as pessoas são repletos de bactérias, e estes micróbios fazem muitas coisas boas, como formar o sistema imunológico e ajudar a digestão. Mas dietas modernas, antibióticos e até a higiene parecem estar reduzindo a variedade de micróbios presentes em nossa anatomia.

Um estudo publicado nesta sexta-feira que analisou micróbios no estômago, na boca e na pele de indígenas de uma tribo pequena e isolada na selva amazônica do sul da Venezuela revelou o quanto a vida moderna pode estar alterando as bactérias corporais da humanidade.

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Os índios yanomami, afastados do mundo exterior até 2009, possuem a coleção mais diversificada de bactérias já encontrada em pessoas, inclusive algumas jamais detectadas em humanos, disseram cientistas cuja pesquisa foi divulgada no periódico Science Advances.

Os pesquisadores se surpreenderam ao descobrir que os micróbios dos yanomami abrigam genes resistentes a antibióticos, entre eles os que conferem resistência a antibióticos feitos pelo homem, levando em conta que nunca foram expostos a antibióticos comerciais.

Todas as pessoas têm trilhões de micróbios, coletivamente chamados de microbiota, que vivem dentro ou na superfície de virtualmente todas as partes do corpo. Eles contribuem para funções essenciais à saúde humana, como o desenvolvimento do sistema imunológico, o processamento de alimentos e o combate a patógenos invasores.

“Nosso estudo indica que a microbiota pré-humana moderna era composta por uma variedade maior de bactérias e uma variedade maior de funções de bactérias quando comparada a populações afetadas por práticas modernas, como comida processada e antibióticos”, afirmou Gautam Dantas, professor de patologia e imunologia da Universidade de Washington na cidade de St. Louis.

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A redução na diversidade da microbiota pode estar ligada ao aumento de doenças imunológicas e metabólicas como asma, alergias, diabetes e obesidade nas últimas décadas, declarou Maria Dominguez-Bello, professora de medicina no Centro Médico Langone da Universidade de Nova York.

Os pesquisadores analisaram amostras microbiais de 34 dos 54 índios yanomami. Elas foram comparadas a um grupo dos Estados Unidos, outro povo indígena da Amazônia venezuelana, os Guahibo, e a moradores do interior do Malaui, no sul da África.

Os yanomami revelaram ter o dobro do número de variedades de micróbios das cobaias norte-americanas e de 30 a 40 por cento mais variedades que os Guahibo e os habitantes rurais do Malaui. Algumas das bactérias encontradas nos yanomami, mas não em outros, têm efeitos benéficos, como proteger contra o cálculo renal.

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