Etiópia e Eritreia declararam o fim de seu "estado de guerra" nesta segunda-feira e concordaram em abrir embaixadas, desenvolver portos e retomar os voos, sinais concretos de uma reaproximação surpreendente que acabou com duas décadas de hostilidade em questão de semanas.
O anúncio prometeu encerrar um dos impasses militares mais obstinados da África, um conflito que desestabilizou a região e obrigou os dois governos a destinarem grande parte de seus orçamentos para a segurança e os soldados.
"O povo de nossa região se une em um objetivo comum", disse o novo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, de acordo com um tuíte de seu chefe de gabinete, depois de assinar um pacto para o reatamento dos laços com o presidente da Eritreia, Isaias Afwerki.
Abiy voou para a vizinha Eritreia um dia antes e abraçou Isaias na pista do aeroporto. Milhares de eritreus foram às ruas para saudá-los e os dois líderes dançaram lado ao lado ao som de músicas tradicionais dos dois países durante um jantar naquela noite.
Abiy tomou posse em abril e anunciou reformas que viraram a política do avesso na nação de 100 milhões de habitantes.
Com o ex-chefe de inteligência de 41 anos no comando, a coalizão governista acabou com um estado de emergência, libertou prisioneiros políticos e anunciou planos para abrir a economia parcialmente a investidores estrangeiros.
Sua medida mais ousada veio no mês passado, quando ele propôs fazer as pazes com a Eritreia 20 anos depois de o vizinho iniciar uma guerra de fronteira que matou estimadas 80 mil pessoas. Os combates mais intensos terminaram em 2000, mas as respectivas tropas se enfrentaram na fronteira em disputa desde então.
Abiy também disse que honrará todos os termos de um acordo de paz, indicando que pode estar disposto a resolver a crise na divisa, particularmente em relação à cidade fronteiriça de Badme.