EUA afirmam que Israel precisa mostrar que não existe "política da fome" em Gaza

16 out 2024 - 15h33

Os Estados Unidos estão acompanhando para garantir que as ações de Israel na prática demonstrem que o país não tem uma "política da fome" contra o norte da Faixa de Gaza, disse a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, para o Conselho de Segurança nesta quarta-feira.

Ela disse ao conselho de 15 membros que tal política seria "horrível e inaceitável e teria consequências sob o direito internacional e a lei dos EUA".

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"O governo de Israel afirmou que não tem essa política, que alimentos e outros suprimentos essenciais não serão cortados e estaremos atentos para garantir que as ações de Israel na prática correspondam a essa declaração", disse Thomas-Greenfield, em um endurecimento da postura dos EUA em relação ao seu aliado de longa data.

Os Estados Unidos disseram a Israel que o país deve tomar medidas nos próximos 30 dias para melhorar a situação humanitária no enclave palestino ou enfrentar possíveis restrições ao apoio militar dos EUA, disseram autoridades norte-americanas na terça-feira.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, convocou uma reunião de emergência nesta quarta-feira para discutir a expansão da ajuda humanitária a Gaza, segundo três autoridades que participaram da discussão, e é provável que a ajuda aumente em breve.

"Alimentos e suprimentos devem ser enviados urgentemente para Gaza, imediatamente. E devem haver pausas humanitárias em toda Gaza para permitir as vacinações e a entrega e distribuição de ajuda humanitária", disse Thomas-Greenfield.

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Um ataque mortal no sul de Israel por militantes palestinos do Hamas em 7 de outubro de 2023 desencadeou a retaliação de Israel em Gaza, controlada pelo Hamas, gerando uma crise humanitária no enclave sitiado. As autoridades afirmam que mais de 42 mil pessoas foram mortas e quase toda a população de 2,3 milhões foi deslocada.

O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, disse ao conselho que o problema em Gaza não era a falta de ajuda, dizendo que mais de 1 milhão de toneladas foram entregues no último ano. Ele acusou o Hamas de sequestrar a assistência humanitária.

"Israel, junto com nossos parceiros internacionais, continua a inundar Gaza com ajuda, mas ela nunca alcançará os necessitados enquanto o Hamas continuar no poder", disse. "O Hamas transformou a situação humanitária em uma arma."

Repetidas vezes o Hamas negou as alegações israelenses de que estaria roubando ajuda e diz que Israel é culpada pela situação.

Há tempos a ONU reclama dos entraves para fazer chegar ajuda a Gaza e distribuí-la por toda a zona de guerra, culpando os problemas a Israel e na desordem generalizada. A ONU disse que nenhuma ajuda alimentar entrou no norte de Gaza entre 2 e 15 de outubro.

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"Dadas as condições abjetas e o sofrimento intolerável no norte de Gaza, o fato de que o acesso humanitário é quase inexistente é inconcebível", disse a chefe interina de ajuda da ONU, Joyce Msuya, ao conselho.

Nesta quarta-feira, a unidade militar israelense que supervisiona ajuda e remessas comerciais para Gaza disse que 50 caminhões carregados com alimentos, água, suprimentos médicos e equipamentos fornecidos pela Jordânia foram transferidos para o norte de Gaza.

Msuya disse que, em toda Gaza, menos de um terço das 286 missões humanitárias coordenadas com Israel nas últimas duas semanas foram facilitadas sem grandes incidentes ou atrasos.

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