O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, criticou indiretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta sexta-feira ao acusar EUA, China e Rússia de alimentar desconfiança e insegurança globais com uma competição de "grandes potências" que ameaça gerar uma nova corrida armamentista nuclear.
Em comentários na abertura da Conferência de Segurança anual de Munique, o líder alemão lamentou a abordagem das três grandes potências nos assuntos globais e, sem citar o nome de Trump, discordou de sua promessa de "tornar a América grande de novo".
"'Grande de novo' --mesmo às custas de vizinhos e parceiros", brincou Steinmeier, ex-ministro social-democrata das Relações Exteriores, cujos comentários sobre política externa têm notoriedade.
Como ministro das Relações Exteriores em 2014, ele esteve no centro do chamado "consenso de Munique", quando líderes alemães disseram que Berlim estava pronta para assumir mais responsabilidades nos assuntos globais. Steinmeier enfatizou esse ponto novamente nesta sexta-feira, mas não antes de lamentar as abordagens de política externa da Rússia, da China e dos Estados Unidos.
"A Rússia... transformou a força militar e a violenta mudança de fronteiras no continente europeu em meios de política mais uma vez", afirmou ele no texto de um discurso a ser apresentado na abertura da conferência.
"A China... aceita o direito internacional apenas seletivamente quando não contraria seus próprios interesses", afirmou.
"E nosso aliado mais próximo, os Estados Unidos da América, sob o próprio governo atual, rejeita a ideia de uma comunidade internacional."
O resultado é "mais desconfiança, mais armamento, menos segurança... até uma nova corrida armamentista nuclear", disse ele.
Como resposta, o presidente disse que a Alemanha deve aumentar os gastos com defesa para contribuir mais com a segurança europeia e manter sua aliança com os EUA, reconhecendo que os interesses norte-americanos estão se afastando da Europa em direção à Ásia.
Steinmeier também pediu uma política europeia em relação à Rússia "que não se limite apenas a condenar declarações e sanções".
A Europa, acrescentou, "deve encontrar seu próprio equilíbrio com a China entre intensificar a competição entre sistemas e a necessidade de cooperação".