Três estrangeiros com residência no Brasil foram apontados pelo Tesouro dos Estados Unidos, nessa quarta-feira, 22, como apoiadores e financiadores da rede terrorista Al Qaeda. Segundo o Tesouro americano, a ação tem como alvo o financiamento internacional da organização responsável, entre outros atentados, pelos ataques de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center em Nova York. O Tesouro afirma que todo o patrimônio, lucros de patrimônio dos três homens, além de todos os bens que eles possuem nos EUA ou que estejam em poder de residentes nos Estados Unidos precisam ser bloqueados e relatados ao Tesouro.
A partir da conclusão das investigações, o órgão informou a Embaixada americana no Brasil e impôs sanções econômicas, como o bloqueio de bens e o congelamento de contas nos Estados Unidos, ao egípcio naturalizado brasileiro Haytham Ahmad Shukri Ahmad Al-Maghrabi, de 35 anos, que teria se tornado contato da Al Qaeda a partir de sua chegada ao Brasil, em 2015; o egípcio-sírio Mohamed Sherif Mohamed Awadd, 48; e o egípcio-libanês Ahmad Al-Khatib, 52, que vive há mais de três décadas no país. O egípcio Al-Maghrabi teria permanecido contato da organização no Brasil até 2018.
Duas empresas, pertencentes a Awadd e Al-Khatib, com sedes em Guarulhos, na Grande São Paulo, também foram afetadas pelas sanções.
Conforme a Embaixada dos Estados Unidos, os três suspeitos teriam patrocinado, fornecido apoio financeiro, tecnológico, de bens ou serviços, ou ainda ajudado materialmente a Al Qaeda.
Em um comunicado, o subsecretário do Tesouro dos Estados Unidos, Brian Nelson, disse que "as atividades dessa rede baseada no Brasil demonstram que a Al Qaeda continua a ser uma ameaça terrorista global generalizada, e as atuais designações ajudarão a evitar que o grupo tenha acesso a financiamentos formais".
Desde os ataques de 11 de setembro de 2001, o governo dos Estados Unidos vem impondo sanções financeiras em diferentes países na tentativa de limitar o financiamento de grupos terroristas. Cerca de 300 cidadãos supostamente filiados à Al Qaeda e outros grupos extremistas já foram visados.
A Polícia Federal do Brasil não se manifestou sobre o caso, limitando-se a dizer que não comenta se eventuais investigações continuam em andamento.
Investigações antiterror no Brasil
O caso dos três homens suspeitos de conexão com a Al Qaeda foi a terceira ação dos Estados Unidos envolvendo o Brasil somente na última semana.
Segundo autoridades brasileiras e o Departamento de Imigração americano, quatro indivíduos foram presos por suposto envolvimento em ameaças online, crimes de ódio e planos para atentados em massa.
Os suspeitos seriam integrantes de células neonazistas e estariam planejando ataques em áreas públicas, como escolas, além de crimes de ódio contra judeus e negros. Um dos detidos confessou ter planos para um ataque a bomba em uma comemoração de Ano Novo em São Paulo.
Na semana passada, o Tesouro dos Estados Unidos impôs sanções a pessoas e empresas ligadas a quadrilhas de tráfico de drogas, incluindo algumas das maiores organizações criminosas do Brasil, como o PCC. Conforme o governo americano, o objetivo é "punir qualquer estrangeiro envolvido em atividades de tráfico de drogas, independentemente de estarem ou não ligados a um determinado chefe ou cartel".
Em 2019, o FBI informou que estava à procura de um egípcio no Brasil por suspeita de atuar como agente facilitador da Al Qaeda para ataques contra os Estados Unidos desde 2013.
O Brasil tem uma lei antiterrorismo desde 2016, em virtude dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Dias antes da cerimônia de abertura, a Polícia Federal prendeu 10 pessoas que estariam planejando um atentado e que seriam integrantes de uma célula com fidelidade ao grupo terrorista Estado Islâmico.