EUA impõem sanções a apoiadores terroristas no Brasil

Homens de nacionalidade egípcia, síria e libanesa seriam financiadores da Al Qaeda; empresas ligadas a eles, em SP, também foram afetadas

23 dez 2021 - 12h36
(atualizado às 12h51)
Avião comercial antes de se chocar contra as Torres Gêmeas, em Nova York, em 2001
Avião comercial antes de se chocar contra as Torres Gêmeas, em Nova York, em 2001
Foto: DW / Deutsche Welle

Três estrangeiros com residência no Brasil foram apontados pelo Tesouro dos Estados Unidos, nessa quarta-feira, 22, como apoiadores e financiadores da rede terrorista Al Qaeda. Segundo o Tesouro americano, a ação tem como alvo o financiamento internacional da organização responsável, entre outros atentados, pelos ataques de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center em Nova York. O Tesouro afirma que todo o patrimônio, lucros de patrimônio dos três homens, além de todos os bens que eles possuem nos EUA ou que estejam em poder de residentes nos Estados Unidos precisam ser bloqueados e relatados ao Tesouro.

A partir da conclusão das investigações, o órgão informou a Embaixada americana no Brasil e impôs sanções econômicas, como o bloqueio de bens e o congelamento de contas nos Estados Unidos, ao egípcio naturalizado brasileiro Haytham Ahmad Shukri Ahmad Al-Maghrabi, de 35 anos, que teria se tornado contato da Al Qaeda a partir de sua chegada ao Brasil, em 2015; o egípcio-sírio Mohamed Sherif Mohamed Awadd, 48; e o egípcio-libanês Ahmad Al-Khatib, 52, que vive há mais de três décadas no país. O egípcio Al-Maghrabi teria permanecido contato da organização no Brasil até 2018.

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Duas empresas, pertencentes a Awadd e Al-Khatib, com sedes em Guarulhos, na Grande São Paulo, também foram afetadas pelas sanções.

Conforme a Embaixada dos Estados Unidos, os três suspeitos teriam patrocinado, fornecido apoio financeiro, tecnológico, de bens ou serviços, ou ainda ajudado materialmente a Al Qaeda.

Tesouro dos Estados Unidos
Foto: DW / Deutsche Welle

Em um comunicado, o subsecretário do Tesouro dos Estados Unidos, Brian Nelson, disse que "as atividades dessa rede baseada no Brasil demonstram que a Al Qaeda continua a ser uma ameaça terrorista global generalizada, e as atuais designações ajudarão a evitar que o grupo tenha acesso a financiamentos formais".

Desde os ataques de 11 de setembro de 2001, o governo dos Estados Unidos vem impondo sanções financeiras em diferentes países na tentativa de limitar o financiamento de grupos terroristas. Cerca de 300 cidadãos supostamente filiados à Al Qaeda e outros grupos extremistas já foram visados.

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A Polícia Federal do Brasil não se manifestou sobre o caso, limitando-se a dizer que não comenta se eventuais investigações continuam em andamento.

Investigações antiterror no Brasil

O caso dos três homens suspeitos de conexão com a Al Qaeda foi a terceira ação dos Estados Unidos envolvendo o Brasil somente na última semana.

Segundo autoridades brasileiras e o Departamento de Imigração americano, quatro indivíduos foram presos por suposto envolvimento em ameaças online, crimes de ódio e planos para atentados em massa.

Os suspeitos seriam integrantes de células neonazistas e estariam planejando ataques em áreas públicas, como escolas, além de crimes de ódio contra judeus e negros. Um dos detidos confessou ter planos para um ataque a bomba em uma comemoração de Ano Novo em São Paulo.

Na semana passada, o Tesouro dos Estados Unidos impôs sanções a pessoas e empresas ligadas a quadrilhas de tráfico de drogas, incluindo algumas das maiores organizações criminosas do Brasil, como o PCC. Conforme o governo americano, o objetivo é "punir qualquer estrangeiro envolvido em atividades de tráfico de drogas, independentemente de estarem ou não ligados a um determinado chefe ou cartel".

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Em 2019, o FBI informou que estava à procura de um egípcio no Brasil por suspeita de atuar como agente facilitador da Al Qaeda para ataques contra os Estados Unidos desde 2013.

O Brasil tem uma lei antiterrorismo desde 2016, em virtude dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Dias antes da cerimônia de abertura, a Polícia Federal prendeu 10 pessoas que estariam planejando um atentado e que seriam integrantes de uma célula com fidelidade ao grupo terrorista Estado Islâmico.

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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