O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, expressou nesta terça-feira, 20, que os Estados Unidos discordam da comparação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre as ações de Israel em Gaza e o Holocausto.
"Obviamente, discordamos desses comentários", disse Miller em entrevista coletiva. "Temos sido bastante claros ao afirmar que não acreditamos que um genocídio ocorreu em Gaza. Queremos ver o conflito encerrado quando for possível. Queremos ver aumento de ajuda humanitária para civis em Gaza. Mas não concordamos com esses comentários", enfatizou.
O porta-voz de Antony Blinken comentou as declarações do petista quando questionado se o secretário de Estado dos EUA pretende abordar o tema com Lula. O chefe da diplomacia americana chega ao Brasil nesta terça e deve se reunir nesta quarta-feira, 21, com o presidente brasileiro, em Brasília. De lá, seguirá para o Rio de Janeiro, onde participa do encontro de ministros das Relações Exteriores do G-20.
A viagem, que já estava programada, coincide com a crise diplomática entre Brasil e Israel, que nos Estados Unidos um dos seus maiores aliados.
Tel-Aviv afirma que Lula "cruzou a linha vermelha" ao comparar a guerra em Gaza com o extermínio de judeus na 2ª Guerra e tem cobrado publicamente por um pedido de desculpas. Enquanto isso não ocorrer, adverte Israel, ele será considerado 'persona non-grata' no país. Aliados do petista, no entanto, afastam a possibilidade de retratação e a crise não dá sinais de arrefecimento.
Essa foi a mais recente das críticas do petista, que já acusou Israel de "terrorismo" e "genocídio", inclusive, com o apoio à ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça.
"O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus", disse Lula no fim de semana.
Apesar da forte reação israelense, outros países mantém distância da crise. Até agora, nenhum chefe de Estado saiu em defesa de Israel, que enfrenta crescente pressão internacional. Isso porque as suas Forças de Defesa se preparam para uma ofensiva em Rafah, o último reduto para mais de 1 milhão de palestinos, que foram deslocados pelo conflito e estão espremidos na fronteira com o Egito.
A guerra foi desencadeado pelo atentado de 7 de outubro, quando 1,2 mil pessoas foram mortas e 240 levadas como reféns, das quais cerca de 130 ainda estão sob poder de terroristas do Hamas em Gaza. Do lado palestino, o número de mortos passa de 29 mil, segundo o ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.